domingo, 14 de dezembro de 2008

Estratégia Evolutivamente Estável


Segundo Richard Dawkins a Estratégia Evolutivamente Estável (EEE) é o conceito mais importante para compreensão do equilíbrio da natureza biológica depois do próprio conceito da evolução darwiniana.

A teoria da EEE foi desenvolvida por Maynard Smith e prediz que se estabelece um equilíbrio em grupos de seres vivos pelas forças da seleção natural até o ponto que este equilíbrio não será abalado por indivíduos que eventualmente tirariam vantagem (trapaceiros) do grupo estável.

Vou usar um exemplo em política para explicar aproximadamente o que seria a EEE: Suponha uma eleição para vereador em uma cidade. Surge um candidato que trapaceie e ofereça uma bicicleta a cada eleitor que votar nele. Este candidato começa a ter mais votos nas pesquisas de opinião e sua candidatura cresce. Então seus concorrentes começam a entender que a trapaça do primeiro é vantajosa e começam a oferecer presentes para os eleitores. Desse modo todos se tornam trapaceiros e a eleição corre o risco de entrar em colapso por falta de honestidade geral.

Porém pouco antes do colapso surge um candidato que percebe que se todos se tornaram trapaceiros ele resolve não trapacear e usa justamente o argumento de que é o único honesto, que não oferece presentes em troca de votos, para conquistar os eleitores. Esse individuo começa a subir nas pesquisas de modo que outros candidatos começam a copiar seu comportamento , surgindo uma nova onde de honestos, até que outra vez, num grupo de candidatos honestos, surge um trapaceiro que oferece uma bicicleta e de novo e o ciclo se repete.

O grupo de vereadores candidatos, ficará estável quando houver uma relação numérica entre honestos e trapaceiros de maneira que nem a eleição entre em colapso e nem que o fato de ser honesto não seja um argumento vantajoso.

Transportando para a natureza este exemplo, seria assim: O primeiro candidato desonesto, o da bicicleta, seria um indivíduo com temperamento trapaceiro por exemplo, um pássaro que levasse seus ovos para que um vizinho tivesse o trabalho de cuidar destes enquanto o trapaceiro tivesse mais tempo de acasalar com outros parceiros. Com o tempo este indivíduo começaria a deixar mais descendentes com temperamento igual ao seu de modo que prevalecem os trapaceiros e neste caso já não existiriam pássaros dispostos a cuidar de ovos.

Aí nasce aleatoriamente um indivíduo que por temperamento prefere cuidar ele mesmo de seus ovos em vez de priorizar a quantidade de acasalamentos e dessa maneira começa a deixar mais descendentes bons cuidadores, que começam a prevalecer na população, até que de novo nasça um trapaceiro que se aproveite dos cuidadores de ovos. A estabilidade ocorre quando a relação entre trapaceiros e cuidadores não inviabilize a existência desta espécie, mas que contemple um número estável de trapaceiros.

sábado, 22 de novembro de 2008

O natural e o humano


Na natureza é normal os animais avaliarem se um filhote nasce em condições de sobrevivência ou não. Aqueles que apresentam alguma deficiência são deixados de lado pelos pais, que passam a investir na prole que aparenta ter melhores condições.

Nos humanos alguns grupos praticam o infanticídio em situações em que a criança nasce com alguma vulnerabilidade que inviabilize o investimento parental em detrimento a outros filhos já nascidos ou por nascer.

Nessas culturas em que o infanticídio é uma possibilidade, a mãe nunca esquece a dor desta perda e dificilmente esquece a criança sacrificada. Portanto um acontecimento muito sentido e relevante na vida de uma mulher.

Rituais como o batismo e a circuncisão nos judeus, feitos após algum período do nascimento, podem ser entendidos aproximadamente, como o início do investimento formal a partir da certeza da saúde da criança.

Apesar de sermos parte da natureza, nossa espécie tem uma diferença fundamental em relação aos outros animais: A intensidade do sofrimento emocional.

Podemos supor que um chipanzé sofra com a perda de um filhote, mas nada comparável ao que nós humanos sofremos. O maior cérebro em relação ao corpo dentre todos os animais nos dotou da nossa maior habilidade: a inteligência. A mesma que nos faz sofrer pelo entendimento do absolutismo da perda de um filho em qualquer circunstância.

Imagino a “surpresa” dos nossos ancestrais que começaram antever e entender situações que podiam levar ao estado de algo inédito: o sofrimento emocional.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Psicologia do golpe do seqüestro


Muita gente no Rio de Janeiro tem sido vítima do golpe do seqüestro por telefone. Bandidos ligam para a casa da pessoa, dizendo que estão com um parente e pedem um dinheiro que deverá ser levado em algum ponto da cidade em troca do parente em questão. Geralmente eles instigam a pessoa a dizer o nome do seu próprio filho sem perceber e usam esse nome para desesperar a vítima.

Mas o que me tem chamado a atenção é o fato de que mesmo sabendo deste golpe já muito divulgado, as pessoas caem nele assim mesmo.

E o mais extraordinário é o seguinte: Todas as mães de conhecidos que tenho conversado (inclusive a minha própria), juram que ouviram a voz de seus filhos no fundo, pedindo ajuda. É quase um experimento involuntário e mórbido da incrível distorção que podemos fazer de nossos sentidos. Essas mães por algum mecanismo emocional incrível ouvem a voz de seus filhos mesmo não sendo eles a gritar no fundo na ligação.

Imagino que as mães quando percebem do que se trata o telefonema acima, colocam toda a sua atenção sensorial em cada micro ruído que seu ouvido é capaz de ouvir vindo do outro lado da linha. Esta super atenção, estando elas sob estresse, deve confundir a capacidade de avaliação da vítima a ponto dela acabar sucumbindo pela forte emoção.

Essa questão me veio à cabeça quando estava lenda um texto sobre “lembrança de vidas passadas” e também considerei as pessoas que juram terem vistos ETs, enfim crenças não comprovadas cientificamente mas que rondam o imaginário de um modo geral. A certeza que as pessoas têm de terem presenciado aparições ou fenômenos dessa natureza, deve ter um mecanismo cerebral semelhante de engano ou auto-convencimento ao que as mães acima sofrem.

Não é a toa que no meu caso particular foi meu padrasto que é Físico, portanto um homem acostumado com evidências, que salvou minha mãe do golpe, tendo a idéia de falar um nome qualquer para induzir o bandido ao erro evidenciando que se tratava de um golpe.

sábado, 8 de novembro de 2008

Solidariedade à dor alheia


A capacidade de identificar e compartilhar o sentimento de outra pessoa é uma das características mais impressionantes da nossa espécie.

Imagine alguns antílopes confortando uma antílope mãe, após seu filhote ter sido caçado por leões!!!

Nossa espécie é a única que conforta seus semelhantes na dor. Somos capazes de identificar a dor do outro e sentir fisiologicamente o que este outro deve estar sentindo.

Se o vizinho com quem nunca falamos antes perde um filho jovem, somos capazes de chorar pela dor que ele deverá estar passando.

Em algum momento da nossa evolução passamos a ter comportamentos que vão além dos mínimos necessários para simplesmente comer e reproduzir. Pelo menos comportamentos diretos para estes fins.

Funcionou assim:
Em algum momento da nossa vida ancestral, os indivíduos que tinham a capacidade de se solidarizar deixaram mais descendentes do que aqueles que não se solidarizavam. Até o ponto que os últimos praticamente desapareceram. Portanto ser solidário, ser capaz de sentir o que o outro está sentindo, passou a ser mais vantajoso evolutivamente falando, do que não o ser.

Nenhuma outra característica nos tornou mais “homo sapiens sapiens” do que esta. Nada nos distingue tanto entre os outros animais, do que ser capaz de confortar um de nós que sofre.

As pressões evolutivas que forjaram a empatia, a solidariedade nos humanos, acabaram por criar um das dinâmicas comportamentais mais impressionantes da evolução.

domingo, 19 de outubro de 2008

Comentário sobre o seqüestro de Santo André


Os psicólogos Margo Wilson e Martin Dale fizeram uma pesquisa em que eles mostram que de modo geral o homem tem em relação à sua mulher o mesmo conjunto de crenças cognitivas relativo ao conceito de "propriedade".

Lindemberg por conta de seu desequilíbrio deve ter sido consumido por este módulo instintivo e processado mal o fim do romance com Eloá a quem namorava desde que ela tinha 12 anos o que talvez tenha concorrido para confundir Eloá com “sua propriedade”.

Fiquei especulando em como se resolvia uma questão dessa natureza em nosso período pré-civilização, pré “Estado”. Um homem de uma família se apodera de uma mulher de outra família e por esta não o querer mais, ele a assassina. Vingança mortal por parte da família da moça em relação ao assassino, na certa.

Quando o Estado é inaugurado como detentor dos meios de resolução deste conflito, espera-se que ele dê conta de alguma espécie de instinto de “vingança” que faz parte da nossa natureza ancestral. Seria nosso Estado, nossa justiça capaz de corresponder a esta expectativa?

Por que suponho que a maioria dos brasileiros não se sentirão satisfeitos com a possível condenação que se dará a Lindemberg por maior que ela seja dentro de nossas leis?

O desafio do Estado é como “resolver” esta vingança institucional sem nos sentirmos bárbaros.

domingo, 12 de outubro de 2008

Natureza humana


Tenho gostado muito de postar enquetes pois elas mostram o que tem de similar no modo de agir e pensar nos humanos independente de sua cultura de origem. Ou alguém imagina que na enquete da casa em chamas um inomani, um aborígene, um esquimó, salvaria 20 estranhos e não seu filho?

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Comentário sobres as enquetes ao lado


Na enquete da "casa em chamas" me surpreende as pessoas que não salvariam seu filho e sim seus sobrinhos mesmo sendo percentualmente pouco numerosas . Não estou dizendo que seja um absurdo. Na verdade é admirável e me parece que em se tratando de comportamentos humanos temos que falar sempre em pré disposições, tendências e estatísticamente mais provável...ou coisa parecida pois é difícil ver uma enquete com boa elaboração que não apresente um número de respostas que surpreendam até mesmo um psicólogo evolucionista como eu.

Na outra enquete o que me chama a atenção é que apenas um número pequeno de pessoas supõem que o psicoterapeuta "vai se tornar um conselheiro bem objetivo". Por que um conselheiro bem objetivo não seria uma ótima idéia? Não seria essa a melhor ajuda que um psicoterapeuta poderia dar para clientes com nível mínimo de maturidade?

Há uma necessidade da terapia oferecer ferramentas para o sujeito chegar a suas próprias conclusões. Mas um bom papo, um papo franco, com conselhos objetivos e se explicando o porquê se chegou a esta ou aquela opção, é ainda mais potente para dotar o cliente de ferramentas. E ainda, o conselho do terapeuta é um conselho apenas e não uma ordem. Podemos dar um conselho ruim e o cliente deve saber que esta possibilidade pode acontecer. Assim como aprendi com minha mestra Eloísa(Lita)Vidal que um psicoterapeuta nunca deve se apaixonar pelas suas hipóteses e que essas devem ser construídas como "castelos de areia" e não de "cimento", o mesmo se aplica aos conselhos.

Atualmente quando ouço de um psicoterapeutas que não opina, não da sua opinião pessoal, este me parece inseguro e irreal. Não há uma boa teoria que justifique esta prática.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Bochecha, bumbum e seios


Uma especulação a princípio nada científica tem me feito pensar. Pelo menos não li nada profundo a respeito.

Se trata da atração que causa nos humanos formas arrendondadas e fofinhas com uma camada de pele em volta e preenchida rechonchudamente com a consistência de flocos de espuma porém lisinho, variando esta consistência entre mais macio ou mais durinho.

É quase impossível para nós não apertar, não tocar numa bochecha ou bumbum de neném e porque não mensionar seios e bumbum de mulheres também (nesse caso quando em intimidade).

Somos atraídos de maneira instintiva e quase irracional.

No livro "Como a mente funciona", Pinker cita uma tese de que nenéns têm a bochecha dessa forma justamente para impelir seus pais a terem muita vontade de cuidar dele. Seria uma adaptação evolutiva.

Desenhistas de histórias infantis criam seus personagens bochechudos com essa mesma intenção

Como ensina Desmond Morris no livro "O macaco pelado" nossa espécie evoluiu com as fêmeas tendo seios proeminentes na frente do corpo simulando a consistência e forma do bumbum já que somos os únicos primatas que fazem sexo de frente um para o outro. A vantagem evolutiva do sexo de frente tem a ver com a necessidade na nossa espécie da fêmea ser reconhecida pelo macho já que nossos bebês nascem muito vulneráveis. É nescessário uma cooperação dos pais para fazer vingar este bebê com isso desenvolvemos relações monogâmicas e então a necessidade de identificação clara da parceira e do parceiro.

A bochechinha do nenem teria tirado vantagem como um "efeito colateral" da atração selecionada por esta forma de bumbum, e dessa maneira serem mais paparicados.

Indivíduos alucinadamente atraídos por esta forma descrita acima foram selecionados e prevaleceram em relação aos que não se sentiam atraídos pela consistência digamos assim, de "coisinha fofa".

terça-feira, 24 de junho de 2008

Dimensões da Personalidade


Psicólogos descobriram que dezoito mil adjetivos relacionados à características de personlidade em um dicionário da língua inglesa podem ser ligados a uma dessas cinco dimensões de personalidade:

1)Aberto a novas experiências até sem muita curiosidade.
2)Sensível ao sentimento dos outros até totalmente sem escrúpulos.
3)Extrovertido até introvertido.
4)Costuma concordar até gosta de discordar, antagonizar.
5)Exageradamente preocupado até estável, calmo.

Faça uma escala de 0 a 5 para cada "lado" de cada uma dessas dimensões sendo um zero único no meio e trace seu perfil. Depois peça a alguem próximo que faça o mesmo procedimento em outra folha marcando na escala valores, levando em conta como ele ou ela lhe percebe e compare os resultados.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Herdeiros genéticos


Todos os organismos vivos se reproduzem. Independente da maneira, todos têm uma estratégia evolutivamente estável para se reproduzir. Talvez a única coisa em comum a todos os seres vivos é o fato de se reproduzirem.

A imersão neste raciocínio levou Richard Dawkins a desenvolver a tese do gene como a verdadeira e única unidade da evolução. Uma molécula -o DNA contendo as informações genéticas- que tem a extraordinária capacidade de fazer cópias de si mesmo e que foi criando por erros aleatórios nas suas cópias e por seleção natural, milhões de seres vivos diferentes.

Mas por que fiz esta introdução? Porque é muito forte em todos os seres vivos e em nós humanos, o instinto de deixar cópias de nós mesmos nas próximas gerações. O gene está por trás dessa força dessa razão de ser. Queremos ser pais e mães, planejamos este momento da nossa vida desde a adolescência. O objetivo de cada história de amor, de cada investimento romântico é um dia encontrar um par e com esse, ter filhos. A maneira como o gene “nos leva a fazer o que ele quer” é dando a seguinte mensagem: “ deseje muito transar com um exemplar do sexo oposto quanto mais a aparência ( cabelos, pele, dentes, simetria nas feições) deste mostrar sinais de ser possuidor de bons genes.”

Depois desta etapa é muito importante ter netos também. Queremos e investimos em nossos filhos para que deixem outros filhos que contenham nossa herança genética e assim as levem por gerações.

Esse instinto tão forte em nossa mente acaba desenvolvendo estratégias para maximizar seus objetivos. Se somos evolutivamente pressionados a deixar descendentes nas próximas gerações, é melhor ter um filho e desviar todos os recursos para este? É melhor ter muitos dividindo demais os recursos mas aumentar as possibilidades de deixar descendentes ? Enfim, qual a melhor estratégia para quem tem muitos recursos e qual a melhor estratégia para quem tem poucos?

Normalmente observamos que famílias muito pobres, têm mais filhos. Diferentemente do que muitos acabam pensando, não é por ignorância ou por falta de responsabilidade que estas famílias têm mais filhos; é sim porque tendo mais filhos aumenta potencialmente a possibilidade de com falta de suprimentos básicos, melhorar a chance de deixar herdeiros genéticos. A idéia de que pelo menos um ou dois vingue. Um ou dois deixem netos e bisnetos.

É uma contabilidade intuitiva que está sempre presente em nossa mente atuando no “piloto automático”. É importante que as políticas de saúde pública tenham este tipo de conhecimento em seus planejamentos.

terça-feira, 6 de maio de 2008

O que é o DNA mitocondrial?



Existem 2 tipos de DNA. O nuclear e o mitocondrial (o mitocondria é o produtor de energia para a atividade celular). O primeiro reune as informações genéticas de um macho pai e uma fêmea mãe no núcleo das células. O segundo carrega só informações de linhagens das fêmeas pois a célula sexual masculina o espermatozóide não possui mitocondria. Por esta razão, este não leva ao óvulo as informações mitondriais do macho. O óvulo que é a celula sexual feminina, possue como todas as outras células, o mitocondria em sua organização.

Examinando o DNA nuclear e DNA mitondrial os cientistas descobriram que o segundo é consideravelmente mais variado do que o primeiro. Significa que muitas -ou todas- mulheres ancestrais contribuiram para esta variação. No caso do DNA nuclear que carrega informações do macho tambem, por ser menos variado, deduz-se que nem todos os homens ancestrais contribuiram para a variação. Ou seja nem todos os machos ancestrais deixaram descendentes no chamado "pool" genético da nossa espécie. Já as fêmeas, sim.

Esta constatação é uma evidência bem clara de como a fêmea era difícil para os machos ancestrais, pois nem todos as tinham, e como essa dinâmica desenvolveu o módulo mental descrito abaixo no caso do Ronaldo.

O DNA mitocondrial tambem está sendo considerado no caso da menina Isabella em amostras de sangue tão pequenas em que não é possível usar o DNA nuclear. Neste caso faz-se uma análise apenas com a linhagem feminina de Isabella para saber se o sangue era dela.

Caso Ronaldo - Um olhar evolucionista


Como ensina a teoria evolucionista, na nossa vida ancestral os machos bem dotados das chamadas aptidões Darwinianas (habilidades como caçador-provedor) podiam ter várias fêmeas e alguns machos sem essas características,nenhuma. As fêmeas nunca tiveram dificuldades de ter parceiros sexuais - procriação. Já os machos tinham que competir entre si pela possibilidade de possuir e manter suas fêmeas e passar seus genes para as próximas gerações.

Essa disputa por fêmeas criou um módulo na mente do homo sapiens sapiens macho que julga uma fêmea disponível uma oportunidade absolutamente indispensável.

É esse módulo instintivo que age na mente masculina fazendo com que homens que imaginamos poderem ter as mulheres mais lindas, mais difíceis e efetivamente as têm ou tiveram, como o Ronaldo, Hugh Grant e outros acabem se seduzindo pela facilidade ofertada nas mulheres que se oferecem nas ruas. Uma mulher se oferecendo, uma mulher fácil para o sexo é instintivamente muito difícil de resistir.

Mulheres não desenvolveram este módulo cerebral pois nunca tiveram dificuldade de encontrar parceiros para o sexo, em última análise passar sua herança genética.

Experimentos em que modelos mulheres se ofereciam a estudantes universitários para sexo casual tiveram 75% de aceitação por estes alunos sendo que os que não aceitavam diziam ter encontros com a namoradas já marcados e tentavam adiar o encontro. Quando o experimento foi feito com os gêneros invertidos, nenhuma mulher aceitou o convite.

Mas nessa altura cabe um pergunta óbvia no caso do Ronaldo. Por que ele escolheu travestis?

Levando-se em conta que o Ronaldo não é homossexual, o travesti que se prostitui é por definição uma simulação mais disponível ainda que uma prostituta digamos, regular. O travesti por ser apenas uma simulação precisa ser mais atrevido, mais sedutor, mais fácil do que uma mulher de verdade, e é nesse módulo masculino descrito acima que o travesti investe, e pelo jeito consegue seu objetivo. Os homens que fazem programas com travestis não querem sempre ter uma relação em que são passivos. Não são homossexuais ou bisexuais necessáriamente.

Mas é tão fácil para nossa mente se deixar enganar por uma simulação as vezes tão grosseira?

Faça o seguinte exercício: Imagine uma pessoa que você não tem nemhuma simpatia. Talvez alguem que você odeie mesmo. Agora se concentre e legitimamente pense que você é o pai ou a mãe desta pessoa. Repare que se você investir seus sentimentos nessa simulação, você passa a ter uma maior benevolência em relação a ela.
É o poder da simulação.

É o poder do sexo

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Caso Isabella – Uma hipótese Evolucionista


Já que se evidenciou pelas análises periciais que não haveria mais ninguém no apartamento da família Nardoni, se conclui que o pai e a madrasta de Isabella teriam sido então os autores do terrível assassinato. O que parece mais provável é que um dos dois tenha cometido o ato e o outro ajudou a acobertar.

Segundo Margo Wilson e Martin Daly da McMaster University em Ontario no Canadá, morar com padrasto ou madrasta é o maior fator de risco à violência doméstica que uma criança pode estar exposta.

Uma pesquisa com este mesmo tema coordenada pelo Prof. Paulo Nadanovsky do Instituto de Medicina Social da UERJ, que avaliou através de questionário com mães os diferentes graus de agressividade em relação aos filhos em diversas configurações familiares também chegou à mesma conclusão. Entretanto nesta pesquisa ficou evidenciado que em famílias com padrastos ou madrastas atitudes agressivas são impetradas com maior freqüência pelos próprios pais biológicos do que pelos padrastos ou madrastas. A hipótese é que por temer uma reação violenta do padrasto ou madrasta, os pais biológicos acabam por ansiedade a precipitar uma agressão numa situação de birra da criança por exemplo.

Outra característica relevante da nossa espécie é a importância dos laços familiares. Observa-se claramente uma relação que nos faz querer melhor e proteger os que compartilham maior porcentagem genética conosco. Assim amamos mais nossos filhos (compartilhamos 50% dos genes) do que nossos netos (compartilhamos 25% dos genes), nossos irmão do que nossos primos e nossos pais do que nossos tios.

Isabella no dia do crime estava exposta a uma configuração familiar desfavorável. Seus dois meios irmãos compartilham 100% de seus genes com Alexandre e Anna Carolina (50% de Alexandre e 50% da Anna Carolina). Ela apenas os 50% de Alexandre. Isabella poderia estar de mau humor, irritada após um dia inteiro sob uma provável diferença de tratamento dirigido a ela em comparação com os irmãos. Neste ponto podemos supor que seria mais lógico que Anna Carolina com menos tolerância com uma criança que não tem parentesco genético, cometesse o ato. Alexandre em prol de seus outros dois filhos teria avaliado ser mais vantajoso então investir nos filhos sobreviventes, ajudando a inocentar a mãe destes.

Na hipótese de Alexandre ter sido o assassino, também era mais vantajoso para Anna, não delatar Alexandre em prol de seus dois filhos.

Mas caso tenha sido Alexandre, o que faria um pai matar uma filha perfeitamente graciosa e saudável?

Evolutivamente falando, ou seja, no ambiente em que nossos instintos foram forjados quando éramos caçadores, a semelhança física do filho com o pai era uma evidência fundamental para a certeza da paternidade. O custo de prover um filho de outro era muito alto. Experimentos com uso de fotos e truques de computação que misturam percentualmente traços fisionômicos de homens adultos com crianças, comprovou que quanto maior a porcentagem de impregnação da fisionomia de um homem nas feições de uma criança qualquer escolhida aleatoriamente, ativam com maior freqüência os setores de satisfação e empatia do cérebro deste sujeito experimentado. O mesmo processo feito com mulheres não apresentou nenhuma ativação cerebral diferente já que como a mulher tem certeza de sua maternidade, não se desenvolveu nela esta adaptação cerebral.

A relação de Alexandre com a mãe de Isabella parece ter sido desde o começo uma proposta de relação a curto prazo. Isabella não se parece nem um pouco com Alexandre sob qualquer ângulo que se tente. Imagino que somando-se a não semelhança com uma relação a curto prazo possibilitando uma dúvida de paternidade, isto se configuraria fatores concorrendo a favor da frágil afeição e tolerância, inconsciente que se diga, de Alexandre para Isabella.

Nessas condições me parece possível e mais provável que o pai tenha sido o autor e Anna Carolina apenas uma espécie de incentivadora. Uma mulher sabe perfeitamente o significado da perda de um filho para outra mulher e me parece que não havia ódio entre as duas Annas que justificasse um ato desta dimensão.

domingo, 30 de março de 2008

Os erros de Freud




Um amigo me pediu que comentasse o texto abaixo. Então vamos lá.

ZWEIG E FREUD.
Uma análise de Stefan Zweig sobre Freud diz:-"Sabemos que Freud começava sempre uma psicanálise pela investigação do passado;agia do mesmo modo ao cogitar da civilização da alma enferma,lançando um olhar retrospetivo às formas primitivas da sociedade humana

Para Freud o homem pre-histórico não tinha freios,ignorando costumes e leis,animal,livre e virgem de qualquer restrição.
Aí os instintos agressivos levam ao assassinato,canibalismo,pansexualismo e incesto.

Mas,apenas formado o grupo,o clâ, aparecem as restrições,costumes,direitos,convenções comuns que acarretam castigos pelas transgressões.

Em breve o conhecimento das interdições e castigos deslocam o desejo para o interior e criam no cérebro,até então bestial e limitado,uma instância nova,um "super-eu",a consciência .

Aí nasce a cultura,e ao mesmo tempo a ideia religiosa.

Assim os limites se opôem à natureza,ao instito humano do prazer e se concebe um adversário formidavel,um "D´us pai" com poder ilimitado de recompensar ou castigar,um D´us de Terror,a quem devemos servidão e submissão.
E o homem encurralado,graças a essa autofrenação,a essa renúncia,a essa discip-lina e autodisciplina,de bárbaro se torna civilizado.

Assim estas forças lutam,e tendo aprisionado o raio,domesticado o frio,vencida a distância,dominado as feras pelas armas,a agua,terra,ar e fogo,o homem quase pode se considerar igual á D´us.

E Zweig pergunta a Freud:-Por que apesar desta paridade com D´us a humanidade não é mais feliz,mais jovial?Por que não se sente o nosso "eu" mais profundamente enriquecido,liberto e salvo por todas essas vitórias civilizadoras?

Freud,enérgico e inflexivel responde:-"Porque este enriquecimento não nos foi dado gratuitamente,e sim pago com uma inaudita perda da liberdade de nossos instintos,um decrescimo da força afetiva da alma individual.

""As restrições sociais ,de século a século mais rigorosas,endurecem e retardaram nossa força afetiva "pricipalmente a vida sexual do homem.

As artes,a ciencia,a tecnica procuram iludi-lo,mas os instintos-o incesto,o parricidio,o pansexualismo obsedam seus sonhos e desejos.
Assim em todos nós,apesar da "civilização" em certos momentos, o nosso "eu" tem a doida nostalgia do anarquismo,da liberdade nômade,da animalidade do começo dos tempos.

E se perguna,se não foi espoliada pelo progresso,e se a socialização do"eu"não lhe prejudica o "eu"mais profundo.

ZWEIG prossegue:-Conseguirá a Humanidade-procurando o futuro-dominar essa inquietude,esse dualismo,esse despedaçamento da alma"?
Freud diz-"Desorientada,hesitante entre o temor de D´us e o prazer animal,travada pelas interdições,atormentada pela neurose da religião,a alma procura uma saida.

Conseguirá esse conflito afetivo tão secreto chegar à luz da conciência?

Retirado e inspirado em:-"A cura pelo Espírito"de Stefan Zweig

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A colocação de que o homem passou a ter freios, passou a ter costumes e leis e que antes era virgem de qualquer restrição não é verdade há mais ou menos 200 mil anos desde que o nosso cérebro evoluiu ao tamanho atual. Os mesmos módulos cognitivos que a evolução arquitetou no tal homem pré-histórico para enfrentar a vida de caçador e coletor se encontram ainda nas pré-disposições mentais do homem atual. Apenas, assim como o ambiente se modificou se modificou as práticas humanas também. Mas os instintos são os mesmos. Se amanhã faltar comida, ar limpo e água para todos, os mais fortes vão atacar os mais fracos pela sobrevivência.

A cultura não "consertou" o homem. A cultura é uma tecnologia de convivência. O incesto não é uma prática reprodutiva eficiente e nunca foi padrão em nenhuma cultura humana nem na pré-história. Os indíviduos que tendiam por alguma pressão hormonal a copular com a genitora, irmãos e irmãs, deixaram menos descendentes saudáveis até o ponto em que desapareceram. Realmente, crianças em certo ponto de seu desenvolvimento desejam instintivamente esfriar a relação da mãe com o pai e isto ocorre, segundo os Psicólogos canadenses Margo Wilson e Martin Dale, porque intuem que esta relação é capaz de gerar pequenos rivaiszinhos na luta pelos receursos propiciados por esses pais.

O homem é uma espécie animal que desenvolveu um módulo complexo de linguagem. Isso otimizou a produção de recursos em abundância o que tornou as relações sociais e a luta pela sobrevivência menos violenta(sim, é menos violenta atualmente).

O limite da cultura é o limite da natureza humana. Nossos instintos continuam lá do mesmo jeito que evoluíram na África. Nossa espécie foi caçadora e coletora 99% do tempo em que estamos na Terra. Sendo assim a cultura é a passagem de tecnologia de convivência e subsistência cujas regras de alguma maneira também estão sujeitas à seleção natural. As boas idéias vão passando culturalmente de geração em geração e as idéias que não se mostram "boas" acabam desaparecendo como o comunismo por exemplo.

As tais restrições que a cultura promoveria nos nossos "instintos pré-históricos", são produtos de melhores soluções médias para vida em grupos sociais, grupos estes muito maiores do que na nossa vida ancestral. O desenvolvimento da linguagem e escrita e exploração geográfica tornou a disseminação dessas soluções mais dinâmicas.

Além disso, nossos instinto selvagens não são destrutivos e violentos. Somos cooperativos e altruístas também mas como tudo em nós inclusive o aculturamento, está relacionado a uma contabilidade que leva em conta promover as maiores chances de sobrevivência e procriação como qualquer ser vivo. Não somos bonzinhos nem malzinhos. Somos sim evolutivamente estáveis como espécie há 200 mil anos.

Quanto a religião, há uma interessante tese de Edward O. Wilson o autor que inaugurou o estudo da biologia evolutiva, segundo a qual a tendência em criar um líder merecedor de temor e respeito a qual todos estão subjugados em troca de proteção e recursos também está presente em alguns primatas, portanto seria um módulo adaptativo herdado de um ancestral em comum há 5 milhões de anos.

Agora na minha opinião a religião como é hoje será uma dessas idéias que seleção natural cultural vai tratar de acabar lentamente em algumas centenas de anos.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Dilema do prisioneiro


Uma ilustração muito interessante da natureza humana é mostrado no chamado Dilema do Prisioneiro discrito a seguir:

Suponha dois comparsas de um crime. O promotor propõe a cada um deles separadamente uma das seguintes alternativas:

1) Você delata seu comparsa e se ele não te delatar, você fica livre e ele pega 10 anos.
2) Se ele te delatar e você não delatá-lo, você pega 10 anos e ele fica livre.
3) Se ambos não delatarem um ao outro, ambos ficam livres em 6 meses.
4) Se ambos delatarem o comparsa ambos pegam 5 anos.

Nenhum dos dois saberá a resposta que o outro deu.

Se um comparsa não delata o companheiro acreditando que seu companheiro também não o fará e neste caso pegam apenas 6 meses, ele corre o risco de pegar 10 anos pois o outro pode o ter traído.

O tipo de resultado que este dilema enconta em média, está no ítem 4. Ambos delatam seu comparsa e pegam 5 anos.

Sem saber a "atitude" do outro a nossa tendência numa situação limíte é não confiar na benevolência alheia.

A origem deste comportamento está na nossa ancestralidade onde a competição cobrava um alto preço pela crença na benevolência do próximo sem a certeza da reciprocidade.

Como animais sociais o homem se fez muitíssimo sensível a noção de recíprocidade nas relações.

sábado, 8 de março de 2008

Padrões da natureza: uma visão evolutiva


Assisti na última semana ótima palestra do Biólogo Dr. Mário de Pinna da USP, ocorrida na Livraria da Travessa no Shopping Leblon.

Achei muito interessante uma ilustração que ele usou para descrever como Charles Darwin elaborou a idéia da origem comum entre todas as formas de vida da sua teoria da evolução e de certa forma indiretamente, um argumento contra a idéia criacionista do design inteligente.

Um dos argumentos criacionistas é que determinados seres vivos e orgãos específicos dos animais são tão complexos que só podem ter sido criados por um ser inteligente. Segundo este argumento por exemplo, "meio" olho não enxerga. Ou se tem toda a estrutura pronta de uma vez ou não se teve nada evolutivamente útil até então.

Mário mostrou uma foto de um bebê. Perguntou se alguem da platéia reconhecia aquele bebê. Ninguem identificou. Mostrou então uma foto de um rapaz de uns 20 anos e repetiu a pergunta. A platéia se ajeitou na cadeira, lembrava alguem mas ninguem ainda se arriscava. Mostou então a foto desta mesma pessoa já adulta com um bigodinho abaixo do nariz com o braço estendido com aquele uniforme do exército alemão sinistro e conhecido.

Os organismos evoluíram de acordo com as nessecidades ambientais. Passado muito tempo se tornam irreconhecíveis ao olhar leigo em relação aos seus ancestrais. A arqueologia ajudou a biologia à medida que foi encontrando fósseis de animais em estágios intermediários possibilitando ser reconhecida a sequência evolutiva de algumas espécies. As baleias são um ótimo exemplo já que olhando para trás através de fósseis sabemos ter evoluído de um mamífero terrestre o Pakicetus.

Após a sequência de fotos que mencionei, Mário de Pinna exibiu a estrutura do olho de vários cefalópodes, grupo de invertebrados que incluem polvos, lulas, nautilus e etc, onde se via que alguns atualmente ainda possuem apenas algumas células fotossensíveis, em outros essas células são mais numerosas e já estão dentro de uma cavidade semi aberta, até o olho de um polvo que é fechado e bem elaborado como se apresenta nos animais da maneira que conhecemos.

Ficou claro que "meio" olho não enxerga mas algumas células fotosensíveis já fazem uma diferença no reconhecimento de sombras, grandes áreas escuras que ajudam estes animais a continuarem vivos e reproduzindo.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Volta às aulas: bullying


Um assunto que deve ser estudado por Psicólogos clínicos é o chamado bullying termo que se refere às provocações, humilhações, agressões e isolamento sofridas pro um, ou um grupo de alunos por outro, ou outro grupo de alunos na escola. Ainda que o termo possa ser usado também quando este comportamento ocorre em empresas me parece que a ocorrência no ensino primário e médio é mais preocupante.

Uma importante hipótese da genética comportamental especula que a personalidade de uma pessoa adulta mensurável em teste de QI e de preferências pessoais, é forjada em até 45% pelas relações com grupos de amigos, colegas, panelinhas, grupos de iguais e gangues. (Ver no Blog os posts “De onde vem temperamentos e talentos dos filhos?” e “Genética comportamental pelo Prof. Marco Montarroyos Calegaro I, II e III”).

Ainda que seja uma hipótese, 45% parece mostrar que mesmo que seja um pouco menor a variação da influência do grupo de colegas o cuidado da escola em atentar aos exageros e a prevenir o bullying parece ser fundamental. E cabe aos pais cobrarem a posição da escola em relação a este problema, tanto quanto se dá normalmente ao nível do ensino.

Nós Psicólogos, somos procurados por pais preocupadíssimos geralmente no final do ano letivo quando descobrem que seus filhos estão à beira da repetência. Me parece mais determinante e preocupante os efeitos do bullying do que o desempenho escolar. O bullying é capaz de causar danos maior no desenvolvimento de crianças do que um fraco desempenho escolar. E não importa aí o lado em que a criança está do bullying. Ser humilhado ou ter que ser um tirano de forma constante e institucionalizada me parece serem duas faces ruins da mesma moeda.
A atenção de pais aos estado de espírito de seus filhos, devem se dar desde o começo do ano principalmente quando da entrada em uma nova escola.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

“A tarefa da Psicologia Evolucionista não é atribuir valores à natureza humana...” (S.Pinker)


A psicologia Evolucionista às vezes parece querer provar que a evolução num ambiente de competição por recursos escassos nos transformou em seres egoístas e perversos. Steven Pinker em “Como a Mente Funciona” faz uma colocação esclarecedora em relação a esta questão:

“Todos sabem que as pessoas são capazes de bondade e sacrifícios monumentais. A mente possui muitos componentes e acomoda não apenas motivos repulsivos mas também amor, amizade, cooperação, senso de justiça e a capacidade de prever as conseqüências de nossos atos. As diferentes partes da mente lutam para acionar ou soltar o pedal da embreagem do comportamento, e por isso maus pensamentos nem sempre levam a atos maus.”

Um Psicólogo Evolucionista na clínica deverá entender que a complexidade de seu cliente é entre outras coisas, o resultado destas forças que lutam para acionar ou soltar o pedal do comportamento ou que, essa luta entre quando competir ou cooperar entre quando ser egoísta e quando amar e suas consequencias, é o que produz essa complexidade. Um Psicólogo Evolucionista está longe de ser alguém que queira reduzir o comportamento humano a alguns instintos predizíveis.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Por que homens se arriscam numa guerra?


Leda Cosmides e John Tooby descreveram a lógica adaptativa que justifica o porquê de haver as guerras em todos os grupos humanos.

Nossos ancestrais e algumas tribos indígenas atuais, formavam grupos e atacavam outro grupo porque o mais importante despojo da batalha eram as mulheres da tribo dos derrotados. A cada mulher a mais que um homem possui aumenta potencialmente em progressão geométrica a sua possibilidade de ter mais filhos.

Como um "soldado" pensa que não será ele a morrer numa batalha pois os riscos estão divididos com seus companheiros ele aceita a missão justificando alguma perda (não a dele) com possibilidade do aumento do número de fêmeas e descendentes no grupo a que se pertence.

Essa prática foi favorecendo aos homens que iam a "guerra por mulheres" de modo que estes tiveram mais descendentes e os "covardes" menos.

Hoje somos os descendentes destes guerreiros, os não covardes.

Mulheres não se juntaram em grupos de ataque, pois nunca tiveram que lutar por machos, portanto a guerra não é uma adaptação presente na mente feminina.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Competição de esperma


Pesquisas apontam que a fantasia sexual predominante em material pornográfico é o sexo de mais de um homem com uma mulher apenas.
A adaptação que promoveu esta preferencia nos homens ocorreu no nosso período evolutivo quando um macho forte e caçador competente, poderia ter várias fêmeas e outro macho sem esses atibutos, nenhuma. Se um macho não tinha esposa sua chance era conseguir sexo à força (o que oferece algum risco) ou sexo consentido clandestinamente. Algumas espécies evoluiram com mecanismos capazes de afastar outro macho rival. Outras competem pela inseminação, com o esperma dentro da fêmea. Estes têm testículos proporcionalmente grandes em relação ao corpo, (p.ex: chimpazés) e são bastante promiscuos.
Machos que não foram bem sucedidos na competição por fêmeas ou na competição de esperma não evoluiram. A competição era provavelmente tão contundente que só prevaleceram hoje os descendesntes dos machos que se sentissem sexualmente instigado para o sexo imediato ao ver um rival copulando.
Os descendentes destes, são os homens atuais que se excitam ao ver uma cena de sexo e/ou os consumidores de pornografia, ou seja a totalidade dos homens.
Experimentos de Nicolas Pound mostraram que ratos machos quando copulam na presença de um macho rival, ejaculam uma quantidade significativamente maior de esperma do que quando sozinho com a fêmea, o que apoia a teoria da competição de esperma.

sábado, 5 de janeiro de 2008


Continuando o post de baixo, Steven Pinker no seu "Como a Mente Funciona" faz uma comparação interessantíssima.

Como não havia refrigeração para guardar o excedente de carne por exemplo, nossos ancestrais a "estocavam" na mente de outro indivíduo. Ofereciam o excedente ao vizinho de modo que este guadasse na memória que o primeiro tinha lhe dado seu excedente. Quando este tivesse carne sobrando, então lhe deveria oferecer tambem em reciprocidade.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008


O pano de fundo das relações interpessoais do homem é o chamado toma-lá-dá-cá. Cooperamos com o outro quando avaliamos que este será capaz de retribuir de alguma maneira ou em outra circunstância mais a frente o favor feito. Quanto mais intensa a convivência com este outro, menos imediata é a "cobrança" do favor a ser retribuído. Quando somos muito amigos de alguem ou com nosso cônjuge, geralmente nosso melhor amigo(a), esta cobrança é a perder de vista, mas há. Com nossos filhos esta cobrança é inexistente. Damos aos nossos filhos sem querer nada em troca simplesmente porque carregam, digamos assim, metade de nós mesmos em seus genes.


Na situação em que cooperamos sabendo que não haverá a menor possibilidade deste outro em nenhuma hipótese nos retribuir, estamos neste caso, melhorando a nossa reputação de generoso e capaz de gerar "sobras" perante nosso grupo o que tambem nos confere uma vantagem social.


Estes comportamentos foram adaptados em nosso período evolutivo porque o sucesso numa caçada é variával. Então valia a pena dividir a caça com os outros quando teria sido bem sucedido de maneira que quando isto não acontecesse, recebesse do outro a porção da contra partida.


O desenvolvimento dessa dinâmica aqui colocada de forma bem rápida e resumida é a origem evolutiva do que hoje se conhece por companherismo e amizade.


Dito como foi acima, parece perder um pouco do "calor humano" em relação a um sentimento tão legal quanto ao de ter amigos. Mas de alguma maneira a natureza tratou de recompensar este comportamento com uma estimulação no Sistema de Recompensa no cérebro de modo que a amizade nos é prazerosa, ou teve que ter sido adaptada desta maneira.