terça-feira, 11 de novembro de 2008

Psicologia do golpe do seqüestro


Muita gente no Rio de Janeiro tem sido vítima do golpe do seqüestro por telefone. Bandidos ligam para a casa da pessoa, dizendo que estão com um parente e pedem um dinheiro que deverá ser levado em algum ponto da cidade em troca do parente em questão. Geralmente eles instigam a pessoa a dizer o nome do seu próprio filho sem perceber e usam esse nome para desesperar a vítima.

Mas o que me tem chamado a atenção é o fato de que mesmo sabendo deste golpe já muito divulgado, as pessoas caem nele assim mesmo.

E o mais extraordinário é o seguinte: Todas as mães de conhecidos que tenho conversado (inclusive a minha própria), juram que ouviram a voz de seus filhos no fundo, pedindo ajuda. É quase um experimento involuntário e mórbido da incrível distorção que podemos fazer de nossos sentidos. Essas mães por algum mecanismo emocional incrível ouvem a voz de seus filhos mesmo não sendo eles a gritar no fundo na ligação.

Imagino que as mães quando percebem do que se trata o telefonema acima, colocam toda a sua atenção sensorial em cada micro ruído que seu ouvido é capaz de ouvir vindo do outro lado da linha. Esta super atenção, estando elas sob estresse, deve confundir a capacidade de avaliação da vítima a ponto dela acabar sucumbindo pela forte emoção.

Essa questão me veio à cabeça quando estava lenda um texto sobre “lembrança de vidas passadas” e também considerei as pessoas que juram terem vistos ETs, enfim crenças não comprovadas cientificamente mas que rondam o imaginário de um modo geral. A certeza que as pessoas têm de terem presenciado aparições ou fenômenos dessa natureza, deve ter um mecanismo cerebral semelhante de engano ou auto-convencimento ao que as mães acima sofrem.

Não é a toa que no meu caso particular foi meu padrasto que é Físico, portanto um homem acostumado com evidências, que salvou minha mãe do golpe, tendo a idéia de falar um nome qualquer para induzir o bandido ao erro evidenciando que se tratava de um golpe.

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