domingo, 23 de dezembro de 2007

Alternativa Evolucionista ao Complexo de Édipo


Os Psicólogos Evolucionistas Margo Wilson e Martin Dale propuseram uma alternativa ao psicanalítico conceito do Complexo de Édipo. A tese deles se baseia numa característica específica da psicologia da relação entre pais e filhos que é o fato de que para os pais uma forma de maximizar sua herança genética nas próximas gerações é administrar seus recursos no maior número de filhos legítimos possível. Mas para cada filho a melhor estratégia é ter todo o recurso para si e aí que vem a sacada da dupla: há uma percepção instintiva da potencialidade do casal pai e mãe em produzirem irmãozinhos ou mais irmãozinhos ,se já o tiverem, no futuro o que faz com que crianças de ambos os sexos tenham a tendência em desejar o esfriamento da relação do papai com a mamãe.
Essa dinâmica entre pais e filhos é relacionada pelo antropólogo Donald Brown como um dos Universais Humanos pois ocorre em todas as sociedades e culturas humanas em todas as épocas.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Efeitos do Extase na memória relacionada à linguagem


Investigação em seres humanos e em animais sugerem que o consumo do extase pode prejudicar o funcionamento cérebral. Pode danificar células nervosas que respondem ao hormônio serotonina, que está envolvido no humor, pensamento, aprendizagem e memória. Thelma Schilt, M.Sc., do Centro Médico Acadêmico da Universidade de Amsterdã, Holanda, e seus colegas recrutaram 188 voluntários (com idade média de 22 anos) que não tinham usado extase, mas relataram que eles eram susceptíveis a experimentá-lo em breve. No prazo de três anos das primeiras avaliações, que decorreu entre Abril de 2002 e Abril de 2004, 58 pessoas começaram a usar o extase.

Eles foram comparados com 60 indivíduos que tinham a mesma idade, o mesmo sexo e o mesmo escore em teste de inteligência, mas que não utilizaram extase durante o período acompanhado. No início e no fim do estudo todos os participantes tiveram testes que avaliaram vários tipos de memória - incluindo atenção, memória verbal de expressão e linguagem, e memória visual de imagens.

Memória verbal foi testada pedindo que os voluntários memorizassem uma série de 15 palavras e que as repetissem imediatamente e novamente após 20 minutos. "No primeiro exame, não houve diferenças estatisticamente significativas na pontuação de qualquer dos testes neuropsicológicos entre usuários persistentes do extase e do grupo de futuros utilizadores", observam os autores. "No entanto, no seguimento, houve mudança na pontuação imediata e após 20 minutos da capacidade de recordação verbal sendo que o reconhecimento foi significativamente menor no grupo de usuários incidentes de extase, em comparação com os usuários persistentes. Não houve diferença significativa em outras contagens do teste".

Ao contrário de outros estudos, que têm sugerido que extase afeta mais as mulheres do que os homens, não houve diferença no efeito da droga entre os sexos.

A pontuação dos outros aspectos testados manteve-se dentro dos limites normais para a população em geral.

O fato do extase parecer afetar apenas áreas cerebrais específicas a memória verbal e a química de regiões do cérebro, os autores observam. "O principal fator subjacente parece ser um empobrecimento da serotonina em usuários do extase, um esgotamento que pode ser reversível", escrevem eles. "Serotonina está envolvida em várias funções cognitivas, mas pode ser especialmente relevante para aprendizagem e memória."

Concluem os autores que: "Nossos dados indicam que mesmo baixas doses de ecstase está associada à diminuição da função da memória verbal, o que é sugerido como resultado da neurotoxidade induzida pelo extase" e que: "É necessária maiores investigações sobre os efeitos a longo prazo do ecstasy, bem como a possibilidade de outros efeitos do seu uso quando do envelhecimento do cérebro”.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Adaptação na espinha das mulheres para favorecer a gravidez


De acordo com a investigação realizada na Universidade do Texas em Austin, a espinha dos seres humanos evoluíram de forma diferente em homens e mulheres, devido à pressão nas costas das mulheres ao transportar um bebê. Essas diferenças lombares foram documentados pela primeira vez na edição de Dezembro da Revista Nature. Os pesquisadores acreditam que esta adaptação se deu há pelo menos dois milhões de anos, num ancestral remoto do Homem o Australopithecus.
Esta diferença masculino-feminino não aparece em chimpanzés, o que significa que a evolução para caminhar na vertical levou à esta adaptação.
"A Seleção Natural favoreceu essa adaptação, uma vez que reduz o estresse adicional na coluna vertebral sobre uma fêmea grávida ", disse a antropóloga Liza Shapiro da Universidade do Texas, que conduziu a investigação com a estudante Katherine K. Whitcome, agora uma colega pós - doutoramento na Universidade de Harvard. "Sem a adaptação, a gravidez teria colocado um pesado encargo para os músculos das costas, causando grande dor e fadiga e possivelmente limitando a capacidade para colher alimentos e habilidade para escapar de predadores."
O antropólogo de Harvard Daniel Lieberman também contribuiu para o estudo, que mostra que as principais diferenças entre homens e mulheres aparecem na parte inferior das costas, ou porção lombar da coluna. A espinha humana tem uma única curva para frente na região lombar, mas a curva se estende através de mais vértebras nas mulheres. Isso ajuda a compensar forças prejudiciais que possam ocorrer na espinha quando as mulheres grávidas curvam-se ou extendem sua espinha para equilibrar o peso do feto, disse Shapiro. As articulações entre as vértebras também são maiores em mulheres e possuem um angulo diferente ao encontrado nos homens, para melhor apoiar o peso adicional.
"Qualquer mãe pode atestar o desajeitamento que é caminhar, equilibrando o peso na frente do corpo", afirmou Shapiro. "Mas a nossa investigação mostra que a espinha se adaptou para tornar a gravidez mais segura e menos dolorosa do que poderia ter sido se estas adaptações não tivessem acontecido".

sábado, 15 de dezembro de 2007

Darwin e o caráter anômalo da evolução humana


Palestra com o título acima foi proferida pelo Filósofo Paulo César Coelho Abrantes da Universidade de Brasília. Dentre algumas colocações, destaquei:

" A cultura é informação armazenada no cérebro e transmitida de indivíduos para indivíduos numa população através de processos de aprendizagem social que incluem a intuição e ensino"

-Há 2 milhões de anos se deu o início do Pleistoceno quando houve uma variação dramática do clima na Terra favorecendo a especialização da evolução.

-Não há cultura em outros primatas, pois não são capazes de realizar leitura da mente.

-Evolução cultural tem sua dinâmica própria. A cultura não está a cabresto dos genes. Há mutualismo entre genes e cultura.

Seminário Darwinismo Ativo na Fiocruz


O Biólogo e pesquisador Ricardo Waizbort iniciou o seminário falando sobre as comemorações pelos 150 anos da primeira edição de Origem das Espécies em 2009 assim como os 200 anos do nascimento de Charles Darwin.
Após esta introdução citou as 5 subdivisãoes da teoria da Evolução de Darwin, segundo Mayr 1982.
1) Evolução de fato
2)Gradualismo - evolução se deu de modo gradual
3)Origem comum
4)Especiação populacional- evolução como processo que ocorre em espécies e não em indivíduos
5) Seleção natural

Ricardo falou algo que achei curioso:
"A espécie humana é obcecada por seleção. Estamos sempre fazendo seleções e pensando de forma selecionadora."

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Free Riders


No seminário Darwinismo Ativo realizado na Fiocruz organizado pelo pesquisador Ricardo Waizbort, a Psicóloga da UERJ e UFRJ Angela Oliva falou sobre a origem evolutiva do comportamento social. Eis um destaques de sua palestra, segundo minhas anotações e interpretação pessoal:
-O nosso cérebro trabalha por módulos. Existem módulos mentais que regulam o compartilhar.
Na década de 50 a mente que até então era entendida como um tábula rasa a ser preenchida, passa a ser entendida como um computador com programas ou módulos já previamente instalados por pressão da selação natural.
-Agimos e raciocinamos ou raciocinamos e agimos?
-Conceito de FREE RIDERS que define os trapaceiros, que pegam carona no esforço alheio dentro de um grupo social.
- Ex de módulos cerebrais importantes para a vida em grupo: Módulo para formar alianças (altruísmo recíproco); módulo para detectar os free riders; módulo para "ler" a mente do outro; para prover ajuda às crianças, filhos, parentes (altruísmo).
-Valor do favor de uma ação altruísta é regulado por uma equação que leva em conta o custo para o doador relacionado ao benfício para o recebedor.
-Animais que não detectam os free riders não podem viver em grupos.
-Nossos módulos cerebrais estão mais acostumados a resolver problemas em grupos sociais pequenos.
-Temos um módulo de detecção de mentirosos mas somos mentirosos tambem. Exemplo onde precisamos mentir as vezes: O que você achou da minha namorada?
-Chimpanzés são mestres em dissimulação.
-Nosso sistema de recompensa ativa no cérebro a mesma área tanto quando doamos quanto ao recebermos. Ou seja o comportamento altruísta tambem é recompensado.
-Moralidade do homem não é produto da religião e cultura. Nos primatas já se encontram os alicerces da moralidade, capacidade de empatia, justiça e reciprocidade.
-As emoções modulam nossas ações.

sábado, 8 de dezembro de 2007

E se formos apenas grandes primatas?


Este foi o título da excelente palestra da neurocientista da UFRJ Suzanna Herculano-Houzel sobre um trabalho de pesquisa que está sendo feito na Universidade a respeito do tamanho do cérebro comparado entre primatas e roedores e sua relação com a inteligência. Algumas anotações que fiz:


Peso do cérebro:

1 1/2 kg - Cérebro humano

570 g - Cérebro do gorila

430g - Cérebro do chimpanzé

4200g - Cérebro do elefante

7000g - Cérebro da baleia


Estes dados mostram que o tamanho do cérebro não é indicador de maior inteligência senão as baleias seriam as campeãs.

Outra conjectura seria se o número de reenrtâncias seriam indicadores de cérebros mais inteligêntes mas neste caso ganharia os golfinhos cujo cérebro é mais cheio de dobras do que o nosso.

Primatas e roedores têm o mesmo ancestral longíquo. Entretanto primatas que possuam cérebro do mesmo tamanho que cérebros de roedores têm mais habilidades intelectuais.

O que a equipe da pesquisa descobriu é que há regras de composição neuronial diferentes nos roedores e nos primatas. Nos primatas quanto maior o cérebro, mais neurônios porque o tamanho dos neurônios em si, não é aumentado na mesma proporção. Porém nos roedores quanto maior o cérebro maior também o tamanho dos próprios neurônios o que significa que não aumenta na mesma proporção a quantidade de neurônios.

O cérebro do homem é composto pela mesma regra de crescimento linear dos primatas (diferente do crescimento não-linear dos roedores como citado) ; e como o cérebro do homem é o maior dentre os primatas, está demonstrado o porquê das nossas maiores habilidades intelectuais comparado aos nossos, digamos assim, primos.

Suzanna me falou que está gravando um quadro que irá ao ar semanalmente no Fantástico sobre neurociência. Demorou....


Abaixo o link para o site da Suzanna
http://www.cerebronosso.bio.br/

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Seminário Darwinismo Ativo na Fiocruz


Acabo de voltar do excelente seminário sobre Darwinismo na Fiocruz organizado pelo biólogo e pesquisador, Prof. Ricardo Waizbort. De várias ótimas palestras achei que vale a pena realçar algumas informações interessantes e curiosas:


Na palestra do Prof.Hilton P. Da Silva, antropólogo da UFRJ sobre um projeto da Universidade com populações neotropicais da floresta Amazônica e da Mata Atlântica soube que no Brasil falam-se aproximadamente 130 línguas diferentes e que existem cerca de 50 populações indígenas totalmente isoladas na Amazônia. A Funai cuida para que não sejam abordados a menos que eles mesmos desejem. Segundo o Prof. estima-se ser a maior concentração de populações isoladas da civilização em todo o mundo. Existem algumas na India e Ásia mais nada comparada em número com as mencionadas acima.

Cont...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Genética Comportamental pelo Prof. Marco Montarroyos Calegaro cont.2


"Se o que estamos procurando é um período “modelar” no desenvolvimento, e um conjunto de fatores que possam prever e explicar o padrão de comportamento de um sujeito adulto, não parece existir muita base racional para acreditar na noção de que a forma de criação pelos pais desenhe decisivamente a personalidade. Podemos encontrar fatores causais de maior poder preditivo olhando para o DNA e para os grupos de referência com os quais a criança interage. "

"Através de uma ampla revisão em estudos etológicos, primatologia comparativa, experimentos em psicologia social, dados etnográficos de sociedades caçadoras coletoras e estudos com bebês humanos podemos concluir que na verdade as crianças não foram projetadas para aprender e imitar os pais, mas sim as outras crianças, particularmente as mais velhas"

"Segundo Harris (1998) é isto que aconteceu em nosso passado evolucionário, e provavelmente o cérebro humano está configurado para processar informação específica do meio social, buscando a inserção do sujeito nas complexas hierarquias de dominância características de nossa espécie. "

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Genética Comportamental pelo Prof. Marco Montarroyos Calegaro cont.


"A correlação entre testes de personalidade e de Q.I. entre adultos que quando crianças foram adotados e criados no mesmo lar é zero (Ploomin, 1990). Ou seja, em outras palavras o ambiente compartilhado durante a criação no mesmo lar não teve nenhum efeito detectável em testes de personalidade ou Q. I. na fase adulta."


"MgGue e Lykken (1992), em outro exemplo curioso, verificaram que, se você tem um gêmeo idêntico que se divorcia, suas chances de se divorciar são seis vezes maiores do que seriam se seu irmão, por exemplo, não tivesse passado pela experiência do divorciar-se. Bem, se você tem um irmão gêmeo fraterno (não idêntico) divorciado suas chances caem para apenas duas vezes mais. A idade dos sujeitos variava entre 34 a 53 anos."


"...não estamos falando de um gene específico para o divórcio. Trata-se de uma correlação, e sabemos que correlações não envolvem, necessariamente, conecções causais. Uma terceira variável, como o nível de testosterona (em homens), pode causar o impulso pela dominância, comportamentos antisociais e criminalidade violenta e, talvez como um subproduto de outras tendências, a propensão ao divórcio (Mazur & Booth, 1998). "


"Na realidade, existem evidências sólidas em estudos de grande escala, metodologicamente convincentes, de que os genes influenciam a personalidade adulta. Surpreendentemente, o mesmo não é verdadeiro para a hipótese do papel preponderante da criação pelos pais."


"Em um estudo feito na Dinamarca, um país onde as adoções e também os registros criminais são feitos meticulosamente, todos os meninos adotados em Copenhage em 1953 foram acompanhados (Mednick e Christiansen, 1977). Descobriu-se com base nos registros criminais dos pais (biológicos e adotivos) e dos filhos quando adultos que somente cerca de 11-12% destes cometia crimes se o pai biológico, doador de 50% dos genes, nunca houvesse cometido um crime. Isso tanto para crianças adotadas pôr pais adotivos criminosos ou não. Ou seja, não houve diferença significativa na criminalidade pela influência de ser criado por um pai adotivo criminoso. "


"No entanto, de modo geral podemos dizer que, se de um lado temos pouca evidência convincente sobre a influência de eventos atribuíveis às interações com os pais durante a infância na personalidade adulta, por outro temos estudos apontando que gêmeos idênticos são muito mais semelhantes um com o outro quando adultos do que gêmeos fraternos criados juntos- e isso acontece mesmo que os gêmeos idênticos sejam criados em continentes diferentes..."


continua...

sábado, 1 de dezembro de 2007

Genética Comportamental pelo Prof. Marco Montarroyos Calegaro


"A genética comportamental é uma disciplina científica que estuda os mecanismos genéticos e neurobiológicos envolvidos em diversos comportamentos animais e humanos. Podemos caracterizá-la como uma área de intersecção entre a genética e as ciências de comportamento."


"O impacto dessa área de conhecimento na Psicologia é tremendo. Estamos vivendo uma verdadeira revolução no entendimento das causas do comportamento. No entanto, a Psicologia, particularmente aqui no Brasil, parece desconhecer estes avanços."


"O “determinismo genético” postula que certos aspectos nossa personalidade e nosso comportamento seriam definidos por nossos genes, de modo inescapável. Essa posição está completamente ultrapassada, sabemos hoje que todo comportamento depende, em maior ou menor grau, de fatores genéticos e de fatores ambientais, interagindo de maneira extremamente complexa.

A palavra determinação é equivocada, e deve ser substituída por expressões como tendências, propensões ou influências genéticas. Os genes definem tendências, mas são as experiências individuais que, sempre, as modulam"


"A propensão genética para a infidelidade não a torna inevitável (os homens podem perfeitamente controlar este impulso) ou moralmente aceitável. O mesmo raciocínio vale para qualquer tendência com componentes genéticos –não tem qualquer sentido justificar eticamente um padrão de comportamento argumentando que este é o “natural”, pois outros critérios devem ser usados para avaliar as conseqüências de nossos atos. "


"Se afirmamos que um traço é 50% herdado, isto tem que ser entendido como afirmar que metade da variância naquele traço está ligado à hereditariedade. "


"O comportamento não é diretamente influenciado pelos genes, no sentido de uma relação de 1: 1 entre um gene e um comportamento. A maioria das características complexas é modulada pela ação de vários genes, o que também é chamado de influência poligênica."


Continua...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Um site que é o "Google Maps" do cérebro


Achei incrível este site que apresenta o "mapa" cerebral de 12 espécies incluindo o Homo Sapiens, e relação dos genes. Uma verdadeira tomografia e microscópio virtuais. Um dos responsáveis é o neurocientista Shawn Mikula.

http://brainmaps.org/index.php?


terça-feira, 27 de novembro de 2007

Psicopatologia Evolutiva


Esse termo é usado para designar transtornos emocionais decorrentes da inadequação ao nosso estilo de vida atual de adaptações sociais necessárias na época em que evoluimos como caçadores e colhetores na África. Um exemplo é a psicopatia que se tornou um comportemento encontrado em mais ou menos 5% da população que é tão inútil e nocivo para o estilo de vida que temos hoje mas que foi selecionado nas nossas possibilidades genéticas por ter sido adaptável de algum modo naquele ambiente, ainda que a prevalência mostre que os indivíduos com essa característica apresentavam pouco êxito reprodutivo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mapeamento da memória


Neste endereço abaixo se encontra uma espetacular apresentação em flash da localização das diferentes regiões do cérebro envolvidas no pensar, ouvir, falar, etc alem do mapeamento, armazenamento da memória bem como de sua degradação.
http://magma.nationalgeographic.com/ngm/2007-11/memory/brain-interactive.html?email=Inside16Nov07

domingo, 25 de novembro de 2007

Jovens machos e violência


O casal de Psicólogos canadenses Martin Daly e Margo Wilson, fez uma grande pesquisa em vários paízes e em algumas sociedades de colhetores de alimentos e pré-letrados, concluindo que os homens matam outros homens em média com uma frequência 26 vezes maior do que uma mulher mata uma mulher. Homens jovens tendem a se arriscar mais e a defender suas reputações mais violentamente. Essa tendência aumenta a medida que é maior a percepção de que terão menos a perder no futuro. É o chamado "desconto do futuro".

Para psicoterapeutas que atendem jovens adolescentes, me parece uma questão pano de fundo fundamental.

sábado, 24 de novembro de 2007

Indivíduo ou Espécie


O que o resultado da enquete aí acima mostra é o falado egoísmo do gene. Se os indivíduos de espécies animais estivessem mais interessados na propagação da sua espécie em vez da cópia de si mesmo, seria mais vantajoso sacrificar um para salvar 100. Mas não é o que acontece em nehuma espécie animal, ainda que alguns comportamentos que vemos nos documentários sobre o mundo animal aparentam o sacrifício individual em favor da espécie. A maneira que os genes adaptaram as "máquinas de sobrevivência" (termo usado por Richard Dawkins) para se propagarem foi dando o comando: "proteja, suporte, ame aqueles que são seus descendentes diretos e proporcionalmente aqueles que tem maior aproximação genética com você".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Mas por que o homossexualismo se tornou uma possibilidade adaptativa no nosso "pool" de genes?


Neo-darwinistas argumentam que o homossexualismo está de acordo com a psicologia da "seleção por parentesco". Alguns indivíduos investem suas energias maximizando o sucesso reprodutivo de descendentes dos irmãos e irmãs, em vez deles mesmos propagarem diretamente seus genes. Na perspectiva em que a evolução se deu numa época de luta por escassos recursos, essa poderia ser uma estratégia de perpetuação de genes próximos bem sucedida.
Outra hipótese é de que nas sociedades de caçadores colhetores, na impossibilidade de reprodução de todos os machos, por conta dos escassos recursos e de fêmeas disponíveis, o desejo masculino evoluiu para a homossexualidade.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Homossexualidade e os genes


Somos acostumados a pensar a homossexualidade masculina como o resultado de uma dinâmica familiar mais ou menos típica. Uma mãe muito presente, possessiva com uma figura paterna fraca ou ausente causando a admiração e identificação do filho com a mãe. No caso da homossexualidade feminina, talvez uma mãe fraca e a identificação com o pai forte, ativo.

Mas como a neurociência tem desvendado, a questão envolve outros fatores. De acordo com a neurocientista da UFRJ Suzanna Herculano-Houzel, num artigo da revista Mente e Cérebro, pode-se afirmar que:

"A atração que se sente pelo outro, seja de que sexo for, é resultado de influências de genes e hormônios durante a formação, ainda no útero, de determinada regiões cerebrais"

e que:

"A preferência sexual não se escolhe, descobre-se"

É importante que tenhamos estas informações para podermos lidar no consultório com o famoso:
Aonde foi que eu errei????

domingo, 18 de novembro de 2007

Definição de Psicologia Evolucionista por Leda Cosmides e John Tooby


Leda Cosmides (foto) e seu marido John Tooby, são dois dos principais estudiosos e fundadores da PE. São acadêmicos ligados à Universidade de Sta. Bárbara na Califórnia. Leda Cosmides esteve no Brasil há uns três anos atrás dando palestra no Campus da UFRJ.


"A psicologia evolutiva constitui-se simplesmente na psicologia que leva em consideração os conhecimentos adicionais que a biologia da evolução tem a oferecer, na expectativa de que a compreensão do processo que moldou a mente humana impulsionará a descoberta de sua arquitetura."

Psicologia Evolucionista na definição do Evolucionista William A. Spriggs

A Psicologia evolutiva é a ciência que busca explicar, graças aos mecanismos universais de comportamento, o porquê das ações dos seres humanos. A Psicologia evolutiva procura reconstruir os problemas com os quais nossos ancestrais se defrontaram em seus ambientes primitivos, e os comportamentos de solução de problemas que criaram para resolver esses desafios específicos. A partir da reconstrução dessas adaptações de solução de problemas, essa ciência tenta estabelecer as origens comuns de nossos comportamentos ancestrais, e como essas origens comportamentais se manifestam atualmente em culturas nas mais remotas regiões de nosso planeta. O objetivo último é o comportamento que visa a transmissão dos genes de uma geração à geração seguinte.

Mais uma do Pinker sobre Homens e Mulheres


"Abeleza não é uma conspiração masculina para transformar as mulheres em objeto e oprimi-las, como afirmam algumas feministas...As mulheres das sociedades liberais almejam a boa aparência porque ela confere uma vantagem na competição por maridos, status e atenção dos poderosos..." (Como a Mente Funciona-1997)

O que o homem procura numa mulher?

Ver introdução no post anterior
Os homens, em todos os países, dão mais valor do que as mulheres à juventude e à aparência.

sábado, 17 de novembro de 2007

O que a mulher procura num homem?


David Buss (foto), Professor de Psicologia da Universidade do Texas, elaborou um questionário e distribuiu para 10 mil pessoas em 37 países e ilhas em sociedades monogamicas, polígamas e de diferentes orientações políticas e econômicas, sobre a importância de 18 qualidades em um parceiro.

Homens e mulheres atribuem grande valor à inteligência, bondade e compreensão.

Já as mulheres específicamente valorizam mais do que os homens, a capacidade de auferir ganhos e dão mais valor do que o homem, a status, ambição e diligência.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Mande seu caso para uma análise evolucionista

Este blog recebe com prazer, casos e histórias para quem deseja que seja feito um estudo sob à lente Evolucionista.

Caso César - Conversa com um Evolucionista


- César me procurou logo após sua separação esperando que a terapia o ajudasse a recompor seu casamento ou pelo menos entender melhor o que estava se passando que o levou a estar separado. Seu relato relacionava seus problemas matrimoniais com um descontentamento no trabalho, tanto quanto às perspectivas de cresimento que este oferecia assim como sua capacidade financeira de dar maior conforto à família. Dizia que sua mulher vinha se afastando sexualmente desde o nascimento de seus filhos de 11 e 8 anos até que ela começou a apresentar um certo comportamento obcessivo em relação à limpeza e repugnância em relação a ele. De modo muito incisivo César colocava que poderia ir negociando qualquer coisa na relação contanto que sua mulher Suely permanecesse o que ele chamava de uma “mulher sexualmente quente”. Impressionou-me o desejo sexual intenso que Suely ainda despertava em César mesmo depois de longo tempo juntos. César saiu de casa por causa do fim das relações sexuais do casal, o que ele absolutamente, não aceitava. O tema das brigas do casal iam desde uma competição para saber quem estava mais bronzeado ao voltar da praia até a insatisfação dela em ter que “ sair para trabalhar para ajudar no sustento da família”. Tivemos uma sessão em que convidamos Suely para participar tambem, o que foi muito interessante. Ela reclamou de comportamentos “obcessivo” de César pois este por exemplo “obrigava as crianças a fazer cocô ao chegar da escola e antes do banho” o que gerava uma tensão pois as crianças não estariam com vontade aquela hora e César estaria querendo repetir com as crianças o modelo que ele usava para ele. Neste momento Suely mostrou sua irritação com a família de origem de César pois ela dizia que eles se achavam possuidor de um sobrenome que os colocavam, na opinão deles, num patamar mais elevado. Expressou seu descontentamento e uma certa raiva em relação à sogra, como que essas manias de ritualizar o cotidiano das crianças fossem influencia direta ou indireta dela. Uma outra colocação de Suely foi muito curiosa, onde afirmou se surpreender tambem com o enorme desejo que César ainda tinha por ela já que na sua auto avaliação ela estava com os “seios e tudo mais caídos”. Na ocasião da separação, César e Suely combinaram que, uma vez por semana, almoçariam juntos para que desta forma pudessem organizar o pagamento de contas e o cuidado com as crianças. Foram então no decorrer desses encontros, criando acordos que viabilizassem a volta de César para casa. Tiveram uma primeira relação sexual após este retorno que segundo Suely foi carregada de insegurança, mas que ao longo de um curto espaço de tempo as relações ficaram bem satisfatória como costumavam ser para ela também. Numa outra sessão após o retorno de César para sua mulher e filhos, este se mostrou preocupado com a possibilidade dos detonadores das brigas estarem se armando de novo. Suely teria exigido que César não encontrasse sua própria mãe sem que ela estivesse junto, pois só dessa maneira ela se seria a “mulher quente” que César desejava. Nesse momento do relato de César eu tive dificuldade de ter um distanciamento terapêutico, pois tive o impulso forte de condenar o que interpretei como uma chantagem das mais rasteiras. Cheguei a aceitar sem auto-crítica, minha escuta pobre e benevolente em favor do meu cliente, até que me vi num nó terapêutico, tomado por uma dose de emoção acima do desejável. Como você pensa tudo isso?

- De tudo que você falou, o que eu achei mais importante é o fato dele estar com dificuldades financeiras e a insatisfação da mulher em ter que trabalhar também.
Existem sinais e características naturalmente selecionadas na mulher do que ela espera encontrar em um homem que o capacite a ser o pai e provedor de seus filhos, assim como os homens foram naturalmente selecionando ao longo da evolução, sinais e características que ele reconhece na mulher, que aumente a probabilidade desta gerar e cuidar bem de seus filhos. Há um estudo por exemplo, que mostra que mulheres com corpo em formato de violão próximo a uma razão de mais ou menos 0,70, têm aumentado suas chances de serem escolhida por parceiros quanto mais perto deste coeficiente suas medidas estiverem. Estas medidas podem indicar um quadril mais apto à uma gestação saudável. Este dado talvez explique porque apesar de Suely dizer que seus seios estão caídos e não se sentir tão atraente, César se sente ainda tão sexualmente atraído por ela. Provavelmente é o “desenho” de seu corpo que o satisfaz . Mas voltando aos sinais e caracteísticas esperados, acho compreenível que ela esteja uma mulher menos “quente” enquanto ele estiver um homem menos “provedor”.

- Mas como a compreenção destes “papéis” evolutivamente esperados, podem tornar meu cliente menos angustiado com seu casamento, mesmo levando em conta os benefícios terapeuticos que a exposição e compreenção da sua dinâmica já oferece? O que mais a terapia podería oferecer a partir daí?

- Me parece que o fato é que ele deve se esforçar para se tornar um provedor mais eficiente para que ela se torne a mulher mais “quente” que ele deseja. É natural que esta relação esteja envolvida e que ele tem que lidar com isso.

terça-feira, 13 de novembro de 2007



Colocação interessante de Steven Pinker (foto) que se encontra no livro “Como a Mente Funciona”, a respeito das diferenças entre as naturezas sexuais de homens e mulheres:


“ O sexo que investe mais, escolhe; o que investe menos, compete.”


Homens e mulheres investem diferentemente no sexo ( que adaptativamente está a serviço da cópia de genes para as próximas gerações através dos filhos e seus descendentes). Para o homem que produz espermatozóides em abundância, quanto mais sexo melhor (a maneira do gene se propagar é fazendo com que os organismos que eles “habitam” façam sexo) pois o “custo” da célula sexual é barato. Já as mulheres têm um número limitado de óvulos e a gestação e amamentação demorados; portanto é melhor escolher muito bem com quem “gastar” seus óvulos. Foi dessa maneira nosso cérebro foi projetado para “pensar”.

Caso Roberto



Segue um relato resumido do meu primeiro bate papo com um Psicólogo Evolucionista Acadêmico sobre um caso de consultório, a partir do qual comecei a me interessar por esta abordagem na clínica.

-Quando busquei Roberto na sala de espera tive a impressão de alguem doente ou que teria saído de uma doença grave há pouco. Muito franzino e magro aparentando fragilidade com cabelo cortado quase máquina zero e com pouquíssima sombracelha, apenas um pequeno tufo na altura do meio dos olhos. As feições de Roberto nariz, boca, e rosto em geral eram delicadas com dentes perfeitos e bem branquinhos mas todo o conjunto parecia visual de alguma “tribo” ou talvez homossexual. Sua queixa principal é que não tinha um relacionamento sexual ou amoroso com nenhuma mulher há três anos. Colocou que se sentia abatido por ser careca já que havia descoberto que um tratamento de calvice que vinha fazendo com um médico, não daria resultado. Sua família (pai, mãe, duas irmãs e ele) é crente praticante e Roberto se sentiu oprimido por este fervor religioso na infância e adolescência. Teve algumas poucas namoradas dos vinte aos vinte sete anos quando então o problema do cabelo o levou a se isolar até ficar um ano fechado num quarto em depressão. Trancou a faculdade de engenharia. Um dia um ex aluno particular de física ligou pedindo ajuda e Roberto depois de relutar e frente a insistencia deste aluno, acabou aceitando e saiu do que chamei de “hibernação”. Daí um aluno indicou outro e outro e assim se desenvolveu uma carreira de professor de física hoje em um Colégio-cursinho de pré-vestibular famoso sendo muito valorizado e com uma promissora carreira no magistério, onde ele sempre desejou trabalhar. O que você acha?

-Fiquei pensando nesta questão da sombracelha. Talvez a sombracelha traga mais problema com a imagem dele do que a falta de cabelo. Acho que há um problema na aparencia mesmo, que deve dificultar a aproximação às mulheres.

-Mas a boa prática não indica eu problematizar a sombracelha se ele mesmo não se incomoda com ela. Inclusive eu perguntei sobre isto e ele disse que a mãe tambem tinha a sombracelha como a dele sem dar muita importância. Então pensei que é meu conceito e não dele.

-Mas há um padrão esperado pelas pessoas. Há uma “busca” por este padrão quando alguem olha para ele. Uma pessoa com pouca ou sem sombracelha é bem desconfortável ao olhar.

-Meu movimento como terapeuta é tentar encontrar o que poderia estar alem do discurso manifesto. Se a verdadeira questão não estaria ligado a rigidez religiosa da família, por exemplo, e a questão da falta de cabelo fosse uma explicação mais fácil para coisas mais difíceis de serem abordadas.

-Me parece que existe um ponto em que o cuidado em não criar uma questão que o cliente não trouxe, acaba ficando em segundo plano, já que uma característica visualmente desconfortável, ninguem fala, ninguem quer magoar. Mais terapeutico é falar com cuidado mas falar essa questão com objetividade. Parecido quando se tem que dizer a um amigo que ele tem mal hálito.
A maneira como os nossos ancestrais tinham de reconhecer um parceiro saudável era através de sinais no corpo como pele, cabelo, dentes, etc. Nossos módulos cerebrais procuram instintivamente avaliar estes sinais nas pessoas. Em relação ao homem estudos (que estou procurando para postar) mostram que um dos sinais ligados a características masculinas importante em relação à virilidade está a espessura da sombracelha. Neste sentido a desvantagem de Roberto é grande. É importante colocar que se trata de um dado médio universal. Não quer dizer que qualquer homem que tenha pouca ou nenhuma sombracelha nunca vai ter uma parceira. É obvio que existem muitos outros fatores relacionais. Mas neste caso a queixa de Roberto está ligada a dificuldade de ter uma namorada e o tipo frágil dele realmente chama a atenção.
O que deve dizer um Psicólogo Evolucionista que lida com esses dados? Devemos investigar os problemas com a religiosidade da família dele e outra questão histórica, ou sugerir que um tratamento para adquirir sombracelha pudesse fazer uma grande diferença na autoconfiança dele?

Psicologia Evolucionista ou Evolutiva



Uma boa definição de Psicologia Evolucionista é do biólogo pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz, Ricardo Waizbort:

“ Uma ciência que procura compreender a mente humana (cultural, social, histórica) como produto de processos biológicos e evolutivos...”

De onde vêm talentos e temperamentos dos filhos?



Em condições normais, digamos assim, de “temperatura e pressão” em que necessidades básicas (incluindo afetivas) de desenvolvimento são dadas aos filhos, Pinker coloca que a influência dos pais na prole não ultrapassam os limites da herança genética.
Diz ele:

" A maior influência que os pais têm sobre os filhos é no momento da concepção” (Como a Mente Funciona -1997).

Consistentes estudos que examinaram traços de personalidade de irmãos gêmeos, adotivos e fraternos sendo separados ou não após o nascimento, concluíram que as variações na influência da personalidade são divididas assim:
50 % -- Genéticas
5%----Influência do Lar onde foi criado
45%-- Algumas hipóteses: -Eventos particulares que se impuseram ao cérebro no útero, parto, etc. -Experiências particulares relevantes durante a vida. -Socialização pelos grupos de iguais como amigos, gangues, panelinhas -Estratégias para competir com irmãos nascidos ou por nascer pelos recursos paternos.

No consultório, quando falo que os comportamentos e lições dos pais têm pouca influência no que o filho se tornou é aquela decepção pois a psicologia da relação entre pais e filhos baseada principalmente na Psicanálise, teve como hipótese principal a influência maior dos pais como socializadores do que as influências resultantes da herança genética.