sábado, 8 de março de 2008

Padrões da natureza: uma visão evolutiva


Assisti na última semana ótima palestra do Biólogo Dr. Mário de Pinna da USP, ocorrida na Livraria da Travessa no Shopping Leblon.

Achei muito interessante uma ilustração que ele usou para descrever como Charles Darwin elaborou a idéia da origem comum entre todas as formas de vida da sua teoria da evolução e de certa forma indiretamente, um argumento contra a idéia criacionista do design inteligente.

Um dos argumentos criacionistas é que determinados seres vivos e orgãos específicos dos animais são tão complexos que só podem ter sido criados por um ser inteligente. Segundo este argumento por exemplo, "meio" olho não enxerga. Ou se tem toda a estrutura pronta de uma vez ou não se teve nada evolutivamente útil até então.

Mário mostrou uma foto de um bebê. Perguntou se alguem da platéia reconhecia aquele bebê. Ninguem identificou. Mostrou então uma foto de um rapaz de uns 20 anos e repetiu a pergunta. A platéia se ajeitou na cadeira, lembrava alguem mas ninguem ainda se arriscava. Mostou então a foto desta mesma pessoa já adulta com um bigodinho abaixo do nariz com o braço estendido com aquele uniforme do exército alemão sinistro e conhecido.

Os organismos evoluíram de acordo com as nessecidades ambientais. Passado muito tempo se tornam irreconhecíveis ao olhar leigo em relação aos seus ancestrais. A arqueologia ajudou a biologia à medida que foi encontrando fósseis de animais em estágios intermediários possibilitando ser reconhecida a sequência evolutiva de algumas espécies. As baleias são um ótimo exemplo já que olhando para trás através de fósseis sabemos ter evoluído de um mamífero terrestre o Pakicetus.

Após a sequência de fotos que mencionei, Mário de Pinna exibiu a estrutura do olho de vários cefalópodes, grupo de invertebrados que incluem polvos, lulas, nautilus e etc, onde se via que alguns atualmente ainda possuem apenas algumas células fotossensíveis, em outros essas células são mais numerosas e já estão dentro de uma cavidade semi aberta, até o olho de um polvo que é fechado e bem elaborado como se apresenta nos animais da maneira que conhecemos.

Ficou claro que "meio" olho não enxerga mas algumas células fotosensíveis já fazem uma diferença no reconhecimento de sombras, grandes áreas escuras que ajudam estes animais a continuarem vivos e reproduzindo.

3 comentários:

Anônimo disse...

"Ficou claro que "meio" olho não enxerga mais algumas células.."

Anônimo disse...

O que acho mais interessante nessa discussão é o pessoal que diz: "determinados seres vivos e orgãos específicos dos animais são tão complexos que só podem ter sido criados por um ser inteligente."
Mas são complexos de acordo com qual critério? As pessoas esquecem o fato de que quem determina os critérios somos nós, com a nossa limitação inerentemente humana. Para um marciano o olho humano pode lhe parecer a coisa mas mal acabada e frágil que já se imaginou. Temos essa mania de engrandecer a natureza e de fazê-la parecer perfeita e com isso vem a necessidade da explicação divina. Pra mim, a natureza não é nem mais e nem menos, ela simplesmente é, ponto. E para aqueles que ainda acreditam na criação divina e no design inteligente digo apenas que eu ainda acredito em Papai Noel!
Marcia Triunfol

Mauro Laskowsky disse...

Que honra o comentário da grande geneticista Dra. Marcia Triunfol. Beijos do Mauro Laskowsky