quarta-feira, 4 de junho de 2008
Herdeiros genéticos
Todos os organismos vivos se reproduzem. Independente da maneira, todos têm uma estratégia evolutivamente estável para se reproduzir. Talvez a única coisa em comum a todos os seres vivos é o fato de se reproduzirem.
A imersão neste raciocínio levou Richard Dawkins a desenvolver a tese do gene como a verdadeira e única unidade da evolução. Uma molécula -o DNA contendo as informações genéticas- que tem a extraordinária capacidade de fazer cópias de si mesmo e que foi criando por erros aleatórios nas suas cópias e por seleção natural, milhões de seres vivos diferentes.
Mas por que fiz esta introdução? Porque é muito forte em todos os seres vivos e em nós humanos, o instinto de deixar cópias de nós mesmos nas próximas gerações. O gene está por trás dessa força dessa razão de ser. Queremos ser pais e mães, planejamos este momento da nossa vida desde a adolescência. O objetivo de cada história de amor, de cada investimento romântico é um dia encontrar um par e com esse, ter filhos. A maneira como o gene “nos leva a fazer o que ele quer” é dando a seguinte mensagem: “ deseje muito transar com um exemplar do sexo oposto quanto mais a aparência ( cabelos, pele, dentes, simetria nas feições) deste mostrar sinais de ser possuidor de bons genes.”
Depois desta etapa é muito importante ter netos também. Queremos e investimos em nossos filhos para que deixem outros filhos que contenham nossa herança genética e assim as levem por gerações.
Esse instinto tão forte em nossa mente acaba desenvolvendo estratégias para maximizar seus objetivos. Se somos evolutivamente pressionados a deixar descendentes nas próximas gerações, é melhor ter um filho e desviar todos os recursos para este? É melhor ter muitos dividindo demais os recursos mas aumentar as possibilidades de deixar descendentes ? Enfim, qual a melhor estratégia para quem tem muitos recursos e qual a melhor estratégia para quem tem poucos?
Normalmente observamos que famílias muito pobres, têm mais filhos. Diferentemente do que muitos acabam pensando, não é por ignorância ou por falta de responsabilidade que estas famílias têm mais filhos; é sim porque tendo mais filhos aumenta potencialmente a possibilidade de com falta de suprimentos básicos, melhorar a chance de deixar herdeiros genéticos. A idéia de que pelo menos um ou dois vingue. Um ou dois deixem netos e bisnetos.
É uma contabilidade intuitiva que está sempre presente em nossa mente atuando no “piloto automático”. É importante que as políticas de saúde pública tenham este tipo de conhecimento em seus planejamentos.
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Um comentário:
Maravilha de texto. Somente os racionalistas podem perceber a beleza da construção deste texto, com a realidade que ele abarca.
Abraços! E parabéns pelo blog!!
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