quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Margo Wilson

É com pesar que soubemos do falecimento de Margo Wilson no mês de Setembro, ocorrido no Canadá. Tive a oportunidade de conhece-la no Rio este ano e pela alegria e bom humor não podia acreditar que vinha numa luta há anos contra um cancêr.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Origem evolutiva do Homossexualismo


O homossexualismo faz parte da natureza de alguns animais e do Homem também. Se o conjunto de genes que pré dispõem à este traço estão presentes no nosso “pool” genético, qual seriam as pressões evolutivas responsável por esta possibilidade?

No caso do homossexualismo masculino, a hipótese mais aceita de acordo com a literatura existente, é que em alguns casos na nossa vida ancestral, a estratégia de assegurar a passagem de genes através dos herdeiros diretos da irmã ou irmão, pode ter sido mais vantajosa em ambientes de recursos escassos severos. Desta maneira para estes indivíduos, investir nos sobrinhos era uma maneira mais eficaz de ter parte de seus genes representados nas próximas gerações, através dos 50% de genes que este compartilha com irmãs e irmãos biológicos. Portanto não foram selecionados nesses homens, genes que pré dispunham a “resposta” ao feromônio feminino.

Para explicar como teria sido selecionado genes que pré dispõem ao homossexualismo feminino, já que não há nada escrito, Dr. Paulo Nadanovsky em conversa informal comigo, formulou uma interessante tese: Como os machos da nossa espécie são mais promíscuos do que as fêmeas, estas para assegurar o provimento para seus filhos, teriam como opção vigiar muito proximamente seu macho (origem evolutiva da mulher possessiva e ciumenta) ou relaxar a ponto de concordar com a inclusão de outras fêmeas na “família”.

Esta tese ainda precisa ser “sabatinada” porem não deixa de ser interessante. No mínimo explica muito claramente a origem do ciúme.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Em Busca dos Genes do Mal


Em Busca dos Genes do Mal
Marcela Buscato - Barbara Oakley - Revista Época nº 505 de 21/01/2008


A pesquisadora diz que algumas pessoas são más por natureza. A culpa seria da genética.



Em seus 52 anos, Barbara Oakley colecionou atitudes de sua irmã que considerava inexplicáveis. Ela conta que a irmã, Carolyn, chegou a roubar o namorado da própria mãe - octogenário e com enfisema pulmonar - só para ir a Paris. Barbara diz que a viagem era um sonho de sua mãe. Depois da morte de Carolyn, de ataque cardíaco, Barbara decidiu usar seu conhecimento de bioengenharia para decifrar as raízes da maldade. No livro Evil Genes (Genes do Mal), lançado nos Estados Unidos, Barbara chega a uma conclusão polêmica: ela diz que algumas versões de genes podem tornar as pessoas más.

Revista Época - Como podemos reconhecer alguém mau por natureza?

Barbara Oakley - São aquelas pessoas maquiavélicas, que estão dispostas a fazer qualquer coisa para atingir seus objetivos. Elas podem ser extremamente legais na frente de alguém e tratar terrivelmente mal uma pessoa que não lhes interessa. São aquelas pessoas que mentem tanto que você chega a duvidar de si, e não delas. Também são incapazes de aceitar culpa. Se você as responsabiliza por alguma coisa, ficam tão irritadas que nem vale a pena o esforço.



RE - A senhora acredita que esse tipo de caráter é genético?

Barbara - Algumas pessoas nasceram para ser más. Já se sabe que nenhum gene sozinho pode ser responsabilizado por um determinado tipo de caráter. Mas há um grupo de genes que afeta o funcionamento do cérebro, principalmente em relação a nossas intenções, impulsividade, humor e ansiedade. E esses genes podem estar por trás de comportamentos que levam a uma personalidade problemática.



RE - Vários estudos mostram que os seres humanos são naturalmente cooperativos. Como explicar a evolução desses "genes do mal"?

Barbara - Há um nicho ambiental para as pessoas más. A própria evolução fez isso. Como a maior parte das pessoas é muito cooperativa, elas pensam que todo mundo é honesto - mesmo que alguns indivíduos sejam egoístas e estejam dispostos a trapacear. É assim que eles conseguem tirar vantagem das outras pessoas. E é assim que os genes do mal evoluem.



RE - Relacionar a presença de certos genes a determinados tipos de comportamento não pode gerar preconceito?

Barbara - É preciso evitar a idéia de que há certos tipos de pessoa com "genes do mal" ou que quem é bom não tem esses genes. Se você diz que algumas pessoas são más por causa de sua genética, alguém pode presumir que elas deviam ser proibidas de ter filhos. Podem imaginar que, nos livrando desses genes, a sociedade será melhor. E isso não é verdade.



RE - Mas como evitar essa associação determinista se a senhora mesma fala em "genes do mal"?

Barbara - As pessoas precisam entender que, para cada traço de nossa personalidade, talvez haja milhares de genes que afetam aquela característica. Alguns dos mesmos genes que podem tornar alguém maquiavélico, se misturados a outro conjunto de genes, podem fazer uma pessoa ser boa, gentil, ter as melhores características da humanidade. O gene COMT é um bom exemplo dessa relação custo–benefício na genética.



Um grupo de genes afeta nossas intenções, ansiedade, humor.
Eles podem explicar algumas personalidades problemáticas.


RE - Por quê?

Barbara - O gene COMT produz uma enzima que ajuda a regular a dopamina, uma substância presente em nosso cérebro que transmite as informações entre as células nervosas. Acontece que, quanto mais devagar você metaboliza a dopamina, mais esperto você é. Se alguém tem uma versão desse gene que não funciona muito bem, tem chances de ter um Q.I. alto. É claro que outros genes e o ambiente também têm um papel sobre isso. Mas você já reparou que algumas vezes parece que pessoas muito inteligentes também são mais neuróticas? É porque essa mesma versão do gene COMT que faz a pessoa ter uma memória melhor também está associada à ansiedade, à dificuldade de lidar com emoções. Eu o chamo de gene Woody Allen (cineasta americano que aborda neuroses comportamentais em seus filmes): ele torna a pessoa mais esperta, mas também mais neurótica.



RE - Não há como mudar o comportamento de uma pessoa que tenha versões desses "genes do mal"? Quanta influência tem o ambiente?

Barbara - Depende. No caso do gene que controla a produção de uma enzima, chamada MAO-A, o ambiente parece influenciar. Um estudo recente ligou o funcionamento ineficiente desse gene a distúrbios de personalidade. Descobriu-se que, se crianças com pouca enzima MAO-A crescerem num ambiente ruim, serão adultos problemáticos. Mas, se elas forem criadas em um ambiente bom, não terão uma personalidade conturbada. O número de pessoas que nasceram com uma confluência infeliz de genes, cuja condição não pode ser reparada, é muito pequeno.



RE - Há muitas pessoas maquiavélicas na sociedade?

Barbara - Na década de 1950, o psicólogo Richard Christie definiu características de pessoas que ele considerava maquiavélicas e fez um teste para detectá-las. O mais importante no trabalho dele foi mostrar que pessoas com esses traços estão a nosso redor. Em pequenas porcentagens, mas estão. Por exemplo, Adolph Hitler. Ele teria sido apenas mais um indivíduo detestável, alguém que nunca teria feito as coisas terríveis que fez, se não fosse por circunstâncias históricas e por algumas características singulares. A memória de Hitler era tão fantástica que ele podia lembrar o nome de todos os oficiais encarregados de cada divisão do Exército alemão. E podia falar por horas porque se lembrava de tudo. Isso lhe deu uma habilidade extraordinária para fazer com que as pessoas fizessem o que ele queria. A moral disso é que podemos ter um chefe que é um pequeno Hitler. Nas circunstâncias propícias, se esse tipo de pessoa tiver muitas outras sobre seu poder, ela pode ser como o ditador alemão.



RE - A psiquiatria já não fornece respostas satisfatórias para entender a maldade de algumas pessoas?

Barbara - Digamos que você conheça alguém com características similares às de Hitler. Essa pessoa costuma ser classificada como "narcisista maligna" (portadora de uma síndrome descrita pelo psiquiatra Otto Kernberg). Essa síndrome faz com que a pessoa se ache a melhor do mundo de maneira doentia. Para ela, é muito fácil mentir, manipular e prejudicar alguém porque, afinal, é por uma boa causa: ela mesma. Acontece que eu não encontrei nenhum estudo científico a respeito desse rótulo "narcisista maligno". Indivíduos com essas características são tachados dessa maneira, o que faz parecer com que sejam muito especiais, completamente diferentes dos outros. E isso não é verdade. Por isso, ficou mais difícil estudar essas pessoas: elas se tornaram tão raras que quase nunca são encontradas na população.



RE - A senhora diz que podemos ter um chefe que é um pequeno Hitler. Há alguma relação entre os "genes do mal" e o poder?

Barbara - Acho que você não consegue chegar ao topo de uma grande organização sem ter pelo menos algumas dessas características maquiavélicas. Claro que isso pode acontecer quando se é muito competente, honesto, e por causa de um excelente trabalho. Mas também quando se está disposto a trapacear. Como os maquiavélicos querem estar no controle, um maior número desses indivíduos chega ao topo. Isso significa que, conforme você sobe, muitas pessoas ainda são relativamente decentes. Mas haverá uma porcentagem maior de pessoas más.



RE - Se sua tese estiver correta, o que isso significa na vida prática? De que nos adianta saber que as raízes da maldade de alguém podem ser genéticas?

Barbara - Não podemos mudar as pessoas maquiavélicas. Mas saber disso é tremendamente poderoso porque nos permite escolher de maneira mais inteligente com quem nós nos associamos. E nos ajuda a não ficar tão magoados quando formos vítimas de alguém assim. Essas pessoas são programadas para ser más para uma pessoa e legais com outra. Elas colocam alguém em um pedestal e outra pessoa lá embaixo. Saber disso pode diminuir nosso sofrimento.

sábado, 25 de abril de 2009

Local e data ainda indefinidos.


Mandem um e-mail caso tenham interesse e avisarei local e data escolhidos.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Palestra com Margo Wilson e Martin Dale na UERJ



Participei hoje da palestra dada pelos psicólogos canadenses Martin Dale e Margo Wilson, que se realizou no Instituto de Medicina Social da UERJ.

O tema foi a conhecida pesquisa realizada pelo casal, que relaciona o maior números de homicídios à homens jovens e com pouca coisa a perder e pouca expectativa de futuro.

Como diz a música de Bob Dylan “If you got nothing, you got nothing to loose” (se você não tem nada, você não tem nada a perder).

A teoria evolucionista prediz, que nós humanos como todos os seres vivos, somos “programados” pelos nossos genes, para deixar o maior número de descendentes possível (incluindo nesse “cálculo” o número ótimo que contemple também cuidados até que os descendentes possam ser auto suficientes ). A teoria também evidencia, que a probabilidade de homens não deixarem descendentes é muito maior do que as mulheres. Mulheres escolhem homens que aparentam ser, ou ter o potencial de se tornarem capazes de prover uma família. Seriam homens com a chamada aptidão darwiniana (capacidade reprodutiva).

Portanto quanto mais afastado da faixa de recursos que lhes promovam uma maior aptidão reprodutiva, mais esses homens acabam por se arriscarem em encrencas que terminam em homicídios. Eles competem pela chamada “posição de prestígio no seu meio social” que lhe confiram poder. Este poder em última análise, lhes deixariam com as qualidades que as mulheres indentificam como sendo características de um bom provedor para sua família: bravura, prestígio, influencia, etc

Ninguém quando está no meio de uma briga, é capaz de sentir essa dinâmica descrita. É claro que é inconsciente. Essa é maneira como nossa mente funciona.

Tudo está relacionado à capacidade de ter, arranjar, conquistar, uma mulher. Simples assim.

Tudo que o macho da nossa espécie deseja, como o macho de todos os outro seres vivos também, é ter uma fêmea com quem possam deixar seus herdeiros genéticos.

Fêmeas também querem deixar os herdeiros tanto quanto os homens, porem elas terão sempre um homem disposto a “acasalar” se elas se mostrarem disponíveis. O esperma do homem é “barato” e produzido indefinidamente. Já o óvulo é limitado e portanto caro para a mulher que alem do mais, é quem mais investe no bebê que vai nascer. Por isso ela deve ser bem seletiva com quem vai “gastar” cada óvulo.

E isso faz toda a diferença na mente masculina e feminina.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Richard Dawkins


Tenho estado alegremente impactado com uma colocação brilhante de Richard Dawkins no seu livro “O Relojoeiro Cego”.

Falando sobre a capacidade de “milagres” acontecerem, ele coloca que se dê tempo, por maior que possa ser esse tempo e quase todas as coisas podem acontecer, até mesmo uma “estátua de mármore mover seu braço”, mesmo que com uma probabilidade ínfima disso acontecer.

O objetivo da colocação de Dawkins nesta obra, é mostrar que mesmo estruturas orgânicas complexas como por exemplo os olhos, podem se formar por evolução cumulativa, se tempo for dado para que pequenos “milagres” forem sucessivamente acontecendo. Esses pequenos milagres seriam os erros aleatórios nas cópias (filhos), que vão selecionando ou não melhores opções funcionais da estrutura em questão.

Ele coloca que por nosso período de vida ser de pouco menos de um século, nossa noção de riscos e probabilidades para que coisas aconteçam, está mentalmente contida ao tempo de nossa vida ou um pouco mais.

Se vivêssemos um milhão de anos em média, talvez nunca atrevessaríamos uma rua, pois a chance de ser atropelado em um milhão de anos seria quase de 100%. Nossa noção de coisas com muita pouca probabilidade de acontecer que hoje temos, seria outra. Seria muito fácil aceitar que uma estrutura com muito pouca probabilidade de acontecer, como são os olhos, de fato podem acontecer.

A genialidade de Darwin está em ter percebido essa enorme extenção de tempo, e as infinitas possibilidades de acontecimentos aleatórios que esse tempo proporcionou. Dentre esses maiores "milagres", a origem, a diversidade e a evolução das espécies.