sexta-feira, 18 de abril de 2008

Caso Isabella – Uma hipótese Evolucionista


Já que se evidenciou pelas análises periciais que não haveria mais ninguém no apartamento da família Nardoni, se conclui que o pai e a madrasta de Isabella teriam sido então os autores do terrível assassinato. O que parece mais provável é que um dos dois tenha cometido o ato e o outro ajudou a acobertar.

Segundo Margo Wilson e Martin Daly da McMaster University em Ontario no Canadá, morar com padrasto ou madrasta é o maior fator de risco à violência doméstica que uma criança pode estar exposta.

Uma pesquisa com este mesmo tema coordenada pelo Prof. Paulo Nadanovsky do Instituto de Medicina Social da UERJ, que avaliou através de questionário com mães os diferentes graus de agressividade em relação aos filhos em diversas configurações familiares também chegou à mesma conclusão. Entretanto nesta pesquisa ficou evidenciado que em famílias com padrastos ou madrastas atitudes agressivas são impetradas com maior freqüência pelos próprios pais biológicos do que pelos padrastos ou madrastas. A hipótese é que por temer uma reação violenta do padrasto ou madrasta, os pais biológicos acabam por ansiedade a precipitar uma agressão numa situação de birra da criança por exemplo.

Outra característica relevante da nossa espécie é a importância dos laços familiares. Observa-se claramente uma relação que nos faz querer melhor e proteger os que compartilham maior porcentagem genética conosco. Assim amamos mais nossos filhos (compartilhamos 50% dos genes) do que nossos netos (compartilhamos 25% dos genes), nossos irmão do que nossos primos e nossos pais do que nossos tios.

Isabella no dia do crime estava exposta a uma configuração familiar desfavorável. Seus dois meios irmãos compartilham 100% de seus genes com Alexandre e Anna Carolina (50% de Alexandre e 50% da Anna Carolina). Ela apenas os 50% de Alexandre. Isabella poderia estar de mau humor, irritada após um dia inteiro sob uma provável diferença de tratamento dirigido a ela em comparação com os irmãos. Neste ponto podemos supor que seria mais lógico que Anna Carolina com menos tolerância com uma criança que não tem parentesco genético, cometesse o ato. Alexandre em prol de seus outros dois filhos teria avaliado ser mais vantajoso então investir nos filhos sobreviventes, ajudando a inocentar a mãe destes.

Na hipótese de Alexandre ter sido o assassino, também era mais vantajoso para Anna, não delatar Alexandre em prol de seus dois filhos.

Mas caso tenha sido Alexandre, o que faria um pai matar uma filha perfeitamente graciosa e saudável?

Evolutivamente falando, ou seja, no ambiente em que nossos instintos foram forjados quando éramos caçadores, a semelhança física do filho com o pai era uma evidência fundamental para a certeza da paternidade. O custo de prover um filho de outro era muito alto. Experimentos com uso de fotos e truques de computação que misturam percentualmente traços fisionômicos de homens adultos com crianças, comprovou que quanto maior a porcentagem de impregnação da fisionomia de um homem nas feições de uma criança qualquer escolhida aleatoriamente, ativam com maior freqüência os setores de satisfação e empatia do cérebro deste sujeito experimentado. O mesmo processo feito com mulheres não apresentou nenhuma ativação cerebral diferente já que como a mulher tem certeza de sua maternidade, não se desenvolveu nela esta adaptação cerebral.

A relação de Alexandre com a mãe de Isabella parece ter sido desde o começo uma proposta de relação a curto prazo. Isabella não se parece nem um pouco com Alexandre sob qualquer ângulo que se tente. Imagino que somando-se a não semelhança com uma relação a curto prazo possibilitando uma dúvida de paternidade, isto se configuraria fatores concorrendo a favor da frágil afeição e tolerância, inconsciente que se diga, de Alexandre para Isabella.

Nessas condições me parece possível e mais provável que o pai tenha sido o autor e Anna Carolina apenas uma espécie de incentivadora. Uma mulher sabe perfeitamente o significado da perda de um filho para outra mulher e me parece que não havia ódio entre as duas Annas que justificasse um ato desta dimensão.