sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

“A tarefa da Psicologia Evolucionista não é atribuir valores à natureza humana...” (S.Pinker)


A psicologia Evolucionista às vezes parece querer provar que a evolução num ambiente de competição por recursos escassos nos transformou em seres egoístas e perversos. Steven Pinker em “Como a Mente Funciona” faz uma colocação esclarecedora em relação a esta questão:

“Todos sabem que as pessoas são capazes de bondade e sacrifícios monumentais. A mente possui muitos componentes e acomoda não apenas motivos repulsivos mas também amor, amizade, cooperação, senso de justiça e a capacidade de prever as conseqüências de nossos atos. As diferentes partes da mente lutam para acionar ou soltar o pedal da embreagem do comportamento, e por isso maus pensamentos nem sempre levam a atos maus.”

Um Psicólogo Evolucionista na clínica deverá entender que a complexidade de seu cliente é entre outras coisas, o resultado destas forças que lutam para acionar ou soltar o pedal do comportamento ou que, essa luta entre quando competir ou cooperar entre quando ser egoísta e quando amar e suas consequencias, é o que produz essa complexidade. Um Psicólogo Evolucionista está longe de ser alguém que queira reduzir o comportamento humano a alguns instintos predizíveis.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Por que homens se arriscam numa guerra?


Leda Cosmides e John Tooby descreveram a lógica adaptativa que justifica o porquê de haver as guerras em todos os grupos humanos.

Nossos ancestrais e algumas tribos indígenas atuais, formavam grupos e atacavam outro grupo porque o mais importante despojo da batalha eram as mulheres da tribo dos derrotados. A cada mulher a mais que um homem possui aumenta potencialmente em progressão geométrica a sua possibilidade de ter mais filhos.

Como um "soldado" pensa que não será ele a morrer numa batalha pois os riscos estão divididos com seus companheiros ele aceita a missão justificando alguma perda (não a dele) com possibilidade do aumento do número de fêmeas e descendentes no grupo a que se pertence.

Essa prática foi favorecendo aos homens que iam a "guerra por mulheres" de modo que estes tiveram mais descendentes e os "covardes" menos.

Hoje somos os descendentes destes guerreiros, os não covardes.

Mulheres não se juntaram em grupos de ataque, pois nunca tiveram que lutar por machos, portanto a guerra não é uma adaptação presente na mente feminina.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Competição de esperma


Pesquisas apontam que a fantasia sexual predominante em material pornográfico é o sexo de mais de um homem com uma mulher apenas.
A adaptação que promoveu esta preferencia nos homens ocorreu no nosso período evolutivo quando um macho forte e caçador competente, poderia ter várias fêmeas e outro macho sem esses atibutos, nenhuma. Se um macho não tinha esposa sua chance era conseguir sexo à força (o que oferece algum risco) ou sexo consentido clandestinamente. Algumas espécies evoluiram com mecanismos capazes de afastar outro macho rival. Outras competem pela inseminação, com o esperma dentro da fêmea. Estes têm testículos proporcionalmente grandes em relação ao corpo, (p.ex: chimpazés) e são bastante promiscuos.
Machos que não foram bem sucedidos na competição por fêmeas ou na competição de esperma não evoluiram. A competição era provavelmente tão contundente que só prevaleceram hoje os descendesntes dos machos que se sentissem sexualmente instigado para o sexo imediato ao ver um rival copulando.
Os descendentes destes, são os homens atuais que se excitam ao ver uma cena de sexo e/ou os consumidores de pornografia, ou seja a totalidade dos homens.
Experimentos de Nicolas Pound mostraram que ratos machos quando copulam na presença de um macho rival, ejaculam uma quantidade significativamente maior de esperma do que quando sozinho com a fêmea, o que apoia a teoria da competição de esperma.

sábado, 5 de janeiro de 2008


Continuando o post de baixo, Steven Pinker no seu "Como a Mente Funciona" faz uma comparação interessantíssima.

Como não havia refrigeração para guardar o excedente de carne por exemplo, nossos ancestrais a "estocavam" na mente de outro indivíduo. Ofereciam o excedente ao vizinho de modo que este guadasse na memória que o primeiro tinha lhe dado seu excedente. Quando este tivesse carne sobrando, então lhe deveria oferecer tambem em reciprocidade.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008


O pano de fundo das relações interpessoais do homem é o chamado toma-lá-dá-cá. Cooperamos com o outro quando avaliamos que este será capaz de retribuir de alguma maneira ou em outra circunstância mais a frente o favor feito. Quanto mais intensa a convivência com este outro, menos imediata é a "cobrança" do favor a ser retribuído. Quando somos muito amigos de alguem ou com nosso cônjuge, geralmente nosso melhor amigo(a), esta cobrança é a perder de vista, mas há. Com nossos filhos esta cobrança é inexistente. Damos aos nossos filhos sem querer nada em troca simplesmente porque carregam, digamos assim, metade de nós mesmos em seus genes.


Na situação em que cooperamos sabendo que não haverá a menor possibilidade deste outro em nenhuma hipótese nos retribuir, estamos neste caso, melhorando a nossa reputação de generoso e capaz de gerar "sobras" perante nosso grupo o que tambem nos confere uma vantagem social.


Estes comportamentos foram adaptados em nosso período evolutivo porque o sucesso numa caçada é variával. Então valia a pena dividir a caça com os outros quando teria sido bem sucedido de maneira que quando isto não acontecesse, recebesse do outro a porção da contra partida.


O desenvolvimento dessa dinâmica aqui colocada de forma bem rápida e resumida é a origem evolutiva do que hoje se conhece por companherismo e amizade.


Dito como foi acima, parece perder um pouco do "calor humano" em relação a um sentimento tão legal quanto ao de ter amigos. Mas de alguma maneira a natureza tratou de recompensar este comportamento com uma estimulação no Sistema de Recompensa no cérebro de modo que a amizade nos é prazerosa, ou teve que ter sido adaptada desta maneira.