domingo, 23 de dezembro de 2007

Alternativa Evolucionista ao Complexo de Édipo


Os Psicólogos Evolucionistas Margo Wilson e Martin Dale propuseram uma alternativa ao psicanalítico conceito do Complexo de Édipo. A tese deles se baseia numa característica específica da psicologia da relação entre pais e filhos que é o fato de que para os pais uma forma de maximizar sua herança genética nas próximas gerações é administrar seus recursos no maior número de filhos legítimos possível. Mas para cada filho a melhor estratégia é ter todo o recurso para si e aí que vem a sacada da dupla: há uma percepção instintiva da potencialidade do casal pai e mãe em produzirem irmãozinhos ou mais irmãozinhos ,se já o tiverem, no futuro o que faz com que crianças de ambos os sexos tenham a tendência em desejar o esfriamento da relação do papai com a mamãe.
Essa dinâmica entre pais e filhos é relacionada pelo antropólogo Donald Brown como um dos Universais Humanos pois ocorre em todas as sociedades e culturas humanas em todas as épocas.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Efeitos do Extase na memória relacionada à linguagem


Investigação em seres humanos e em animais sugerem que o consumo do extase pode prejudicar o funcionamento cérebral. Pode danificar células nervosas que respondem ao hormônio serotonina, que está envolvido no humor, pensamento, aprendizagem e memória. Thelma Schilt, M.Sc., do Centro Médico Acadêmico da Universidade de Amsterdã, Holanda, e seus colegas recrutaram 188 voluntários (com idade média de 22 anos) que não tinham usado extase, mas relataram que eles eram susceptíveis a experimentá-lo em breve. No prazo de três anos das primeiras avaliações, que decorreu entre Abril de 2002 e Abril de 2004, 58 pessoas começaram a usar o extase.

Eles foram comparados com 60 indivíduos que tinham a mesma idade, o mesmo sexo e o mesmo escore em teste de inteligência, mas que não utilizaram extase durante o período acompanhado. No início e no fim do estudo todos os participantes tiveram testes que avaliaram vários tipos de memória - incluindo atenção, memória verbal de expressão e linguagem, e memória visual de imagens.

Memória verbal foi testada pedindo que os voluntários memorizassem uma série de 15 palavras e que as repetissem imediatamente e novamente após 20 minutos. "No primeiro exame, não houve diferenças estatisticamente significativas na pontuação de qualquer dos testes neuropsicológicos entre usuários persistentes do extase e do grupo de futuros utilizadores", observam os autores. "No entanto, no seguimento, houve mudança na pontuação imediata e após 20 minutos da capacidade de recordação verbal sendo que o reconhecimento foi significativamente menor no grupo de usuários incidentes de extase, em comparação com os usuários persistentes. Não houve diferença significativa em outras contagens do teste".

Ao contrário de outros estudos, que têm sugerido que extase afeta mais as mulheres do que os homens, não houve diferença no efeito da droga entre os sexos.

A pontuação dos outros aspectos testados manteve-se dentro dos limites normais para a população em geral.

O fato do extase parecer afetar apenas áreas cerebrais específicas a memória verbal e a química de regiões do cérebro, os autores observam. "O principal fator subjacente parece ser um empobrecimento da serotonina em usuários do extase, um esgotamento que pode ser reversível", escrevem eles. "Serotonina está envolvida em várias funções cognitivas, mas pode ser especialmente relevante para aprendizagem e memória."

Concluem os autores que: "Nossos dados indicam que mesmo baixas doses de ecstase está associada à diminuição da função da memória verbal, o que é sugerido como resultado da neurotoxidade induzida pelo extase" e que: "É necessária maiores investigações sobre os efeitos a longo prazo do ecstasy, bem como a possibilidade de outros efeitos do seu uso quando do envelhecimento do cérebro”.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Adaptação na espinha das mulheres para favorecer a gravidez


De acordo com a investigação realizada na Universidade do Texas em Austin, a espinha dos seres humanos evoluíram de forma diferente em homens e mulheres, devido à pressão nas costas das mulheres ao transportar um bebê. Essas diferenças lombares foram documentados pela primeira vez na edição de Dezembro da Revista Nature. Os pesquisadores acreditam que esta adaptação se deu há pelo menos dois milhões de anos, num ancestral remoto do Homem o Australopithecus.
Esta diferença masculino-feminino não aparece em chimpanzés, o que significa que a evolução para caminhar na vertical levou à esta adaptação.
"A Seleção Natural favoreceu essa adaptação, uma vez que reduz o estresse adicional na coluna vertebral sobre uma fêmea grávida ", disse a antropóloga Liza Shapiro da Universidade do Texas, que conduziu a investigação com a estudante Katherine K. Whitcome, agora uma colega pós - doutoramento na Universidade de Harvard. "Sem a adaptação, a gravidez teria colocado um pesado encargo para os músculos das costas, causando grande dor e fadiga e possivelmente limitando a capacidade para colher alimentos e habilidade para escapar de predadores."
O antropólogo de Harvard Daniel Lieberman também contribuiu para o estudo, que mostra que as principais diferenças entre homens e mulheres aparecem na parte inferior das costas, ou porção lombar da coluna. A espinha humana tem uma única curva para frente na região lombar, mas a curva se estende através de mais vértebras nas mulheres. Isso ajuda a compensar forças prejudiciais que possam ocorrer na espinha quando as mulheres grávidas curvam-se ou extendem sua espinha para equilibrar o peso do feto, disse Shapiro. As articulações entre as vértebras também são maiores em mulheres e possuem um angulo diferente ao encontrado nos homens, para melhor apoiar o peso adicional.
"Qualquer mãe pode atestar o desajeitamento que é caminhar, equilibrando o peso na frente do corpo", afirmou Shapiro. "Mas a nossa investigação mostra que a espinha se adaptou para tornar a gravidez mais segura e menos dolorosa do que poderia ter sido se estas adaptações não tivessem acontecido".

sábado, 15 de dezembro de 2007

Darwin e o caráter anômalo da evolução humana


Palestra com o título acima foi proferida pelo Filósofo Paulo César Coelho Abrantes da Universidade de Brasília. Dentre algumas colocações, destaquei:

" A cultura é informação armazenada no cérebro e transmitida de indivíduos para indivíduos numa população através de processos de aprendizagem social que incluem a intuição e ensino"

-Há 2 milhões de anos se deu o início do Pleistoceno quando houve uma variação dramática do clima na Terra favorecendo a especialização da evolução.

-Não há cultura em outros primatas, pois não são capazes de realizar leitura da mente.

-Evolução cultural tem sua dinâmica própria. A cultura não está a cabresto dos genes. Há mutualismo entre genes e cultura.

Seminário Darwinismo Ativo na Fiocruz


O Biólogo e pesquisador Ricardo Waizbort iniciou o seminário falando sobre as comemorações pelos 150 anos da primeira edição de Origem das Espécies em 2009 assim como os 200 anos do nascimento de Charles Darwin.
Após esta introdução citou as 5 subdivisãoes da teoria da Evolução de Darwin, segundo Mayr 1982.
1) Evolução de fato
2)Gradualismo - evolução se deu de modo gradual
3)Origem comum
4)Especiação populacional- evolução como processo que ocorre em espécies e não em indivíduos
5) Seleção natural

Ricardo falou algo que achei curioso:
"A espécie humana é obcecada por seleção. Estamos sempre fazendo seleções e pensando de forma selecionadora."

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Free Riders


No seminário Darwinismo Ativo realizado na Fiocruz organizado pelo pesquisador Ricardo Waizbort, a Psicóloga da UERJ e UFRJ Angela Oliva falou sobre a origem evolutiva do comportamento social. Eis um destaques de sua palestra, segundo minhas anotações e interpretação pessoal:
-O nosso cérebro trabalha por módulos. Existem módulos mentais que regulam o compartilhar.
Na década de 50 a mente que até então era entendida como um tábula rasa a ser preenchida, passa a ser entendida como um computador com programas ou módulos já previamente instalados por pressão da selação natural.
-Agimos e raciocinamos ou raciocinamos e agimos?
-Conceito de FREE RIDERS que define os trapaceiros, que pegam carona no esforço alheio dentro de um grupo social.
- Ex de módulos cerebrais importantes para a vida em grupo: Módulo para formar alianças (altruísmo recíproco); módulo para detectar os free riders; módulo para "ler" a mente do outro; para prover ajuda às crianças, filhos, parentes (altruísmo).
-Valor do favor de uma ação altruísta é regulado por uma equação que leva em conta o custo para o doador relacionado ao benfício para o recebedor.
-Animais que não detectam os free riders não podem viver em grupos.
-Nossos módulos cerebrais estão mais acostumados a resolver problemas em grupos sociais pequenos.
-Temos um módulo de detecção de mentirosos mas somos mentirosos tambem. Exemplo onde precisamos mentir as vezes: O que você achou da minha namorada?
-Chimpanzés são mestres em dissimulação.
-Nosso sistema de recompensa ativa no cérebro a mesma área tanto quando doamos quanto ao recebermos. Ou seja o comportamento altruísta tambem é recompensado.
-Moralidade do homem não é produto da religião e cultura. Nos primatas já se encontram os alicerces da moralidade, capacidade de empatia, justiça e reciprocidade.
-As emoções modulam nossas ações.

sábado, 8 de dezembro de 2007

E se formos apenas grandes primatas?


Este foi o título da excelente palestra da neurocientista da UFRJ Suzanna Herculano-Houzel sobre um trabalho de pesquisa que está sendo feito na Universidade a respeito do tamanho do cérebro comparado entre primatas e roedores e sua relação com a inteligência. Algumas anotações que fiz:


Peso do cérebro:

1 1/2 kg - Cérebro humano

570 g - Cérebro do gorila

430g - Cérebro do chimpanzé

4200g - Cérebro do elefante

7000g - Cérebro da baleia


Estes dados mostram que o tamanho do cérebro não é indicador de maior inteligência senão as baleias seriam as campeãs.

Outra conjectura seria se o número de reenrtâncias seriam indicadores de cérebros mais inteligêntes mas neste caso ganharia os golfinhos cujo cérebro é mais cheio de dobras do que o nosso.

Primatas e roedores têm o mesmo ancestral longíquo. Entretanto primatas que possuam cérebro do mesmo tamanho que cérebros de roedores têm mais habilidades intelectuais.

O que a equipe da pesquisa descobriu é que há regras de composição neuronial diferentes nos roedores e nos primatas. Nos primatas quanto maior o cérebro, mais neurônios porque o tamanho dos neurônios em si, não é aumentado na mesma proporção. Porém nos roedores quanto maior o cérebro maior também o tamanho dos próprios neurônios o que significa que não aumenta na mesma proporção a quantidade de neurônios.

O cérebro do homem é composto pela mesma regra de crescimento linear dos primatas (diferente do crescimento não-linear dos roedores como citado) ; e como o cérebro do homem é o maior dentre os primatas, está demonstrado o porquê das nossas maiores habilidades intelectuais comparado aos nossos, digamos assim, primos.

Suzanna me falou que está gravando um quadro que irá ao ar semanalmente no Fantástico sobre neurociência. Demorou....


Abaixo o link para o site da Suzanna
http://www.cerebronosso.bio.br/

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Seminário Darwinismo Ativo na Fiocruz


Acabo de voltar do excelente seminário sobre Darwinismo na Fiocruz organizado pelo biólogo e pesquisador, Prof. Ricardo Waizbort. De várias ótimas palestras achei que vale a pena realçar algumas informações interessantes e curiosas:


Na palestra do Prof.Hilton P. Da Silva, antropólogo da UFRJ sobre um projeto da Universidade com populações neotropicais da floresta Amazônica e da Mata Atlântica soube que no Brasil falam-se aproximadamente 130 línguas diferentes e que existem cerca de 50 populações indígenas totalmente isoladas na Amazônia. A Funai cuida para que não sejam abordados a menos que eles mesmos desejem. Segundo o Prof. estima-se ser a maior concentração de populações isoladas da civilização em todo o mundo. Existem algumas na India e Ásia mais nada comparada em número com as mencionadas acima.

Cont...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Genética Comportamental pelo Prof. Marco Montarroyos Calegaro cont.2


"Se o que estamos procurando é um período “modelar” no desenvolvimento, e um conjunto de fatores que possam prever e explicar o padrão de comportamento de um sujeito adulto, não parece existir muita base racional para acreditar na noção de que a forma de criação pelos pais desenhe decisivamente a personalidade. Podemos encontrar fatores causais de maior poder preditivo olhando para o DNA e para os grupos de referência com os quais a criança interage. "

"Através de uma ampla revisão em estudos etológicos, primatologia comparativa, experimentos em psicologia social, dados etnográficos de sociedades caçadoras coletoras e estudos com bebês humanos podemos concluir que na verdade as crianças não foram projetadas para aprender e imitar os pais, mas sim as outras crianças, particularmente as mais velhas"

"Segundo Harris (1998) é isto que aconteceu em nosso passado evolucionário, e provavelmente o cérebro humano está configurado para processar informação específica do meio social, buscando a inserção do sujeito nas complexas hierarquias de dominância características de nossa espécie. "

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Genética Comportamental pelo Prof. Marco Montarroyos Calegaro cont.


"A correlação entre testes de personalidade e de Q.I. entre adultos que quando crianças foram adotados e criados no mesmo lar é zero (Ploomin, 1990). Ou seja, em outras palavras o ambiente compartilhado durante a criação no mesmo lar não teve nenhum efeito detectável em testes de personalidade ou Q. I. na fase adulta."


"MgGue e Lykken (1992), em outro exemplo curioso, verificaram que, se você tem um gêmeo idêntico que se divorcia, suas chances de se divorciar são seis vezes maiores do que seriam se seu irmão, por exemplo, não tivesse passado pela experiência do divorciar-se. Bem, se você tem um irmão gêmeo fraterno (não idêntico) divorciado suas chances caem para apenas duas vezes mais. A idade dos sujeitos variava entre 34 a 53 anos."


"...não estamos falando de um gene específico para o divórcio. Trata-se de uma correlação, e sabemos que correlações não envolvem, necessariamente, conecções causais. Uma terceira variável, como o nível de testosterona (em homens), pode causar o impulso pela dominância, comportamentos antisociais e criminalidade violenta e, talvez como um subproduto de outras tendências, a propensão ao divórcio (Mazur & Booth, 1998). "


"Na realidade, existem evidências sólidas em estudos de grande escala, metodologicamente convincentes, de que os genes influenciam a personalidade adulta. Surpreendentemente, o mesmo não é verdadeiro para a hipótese do papel preponderante da criação pelos pais."


"Em um estudo feito na Dinamarca, um país onde as adoções e também os registros criminais são feitos meticulosamente, todos os meninos adotados em Copenhage em 1953 foram acompanhados (Mednick e Christiansen, 1977). Descobriu-se com base nos registros criminais dos pais (biológicos e adotivos) e dos filhos quando adultos que somente cerca de 11-12% destes cometia crimes se o pai biológico, doador de 50% dos genes, nunca houvesse cometido um crime. Isso tanto para crianças adotadas pôr pais adotivos criminosos ou não. Ou seja, não houve diferença significativa na criminalidade pela influência de ser criado por um pai adotivo criminoso. "


"No entanto, de modo geral podemos dizer que, se de um lado temos pouca evidência convincente sobre a influência de eventos atribuíveis às interações com os pais durante a infância na personalidade adulta, por outro temos estudos apontando que gêmeos idênticos são muito mais semelhantes um com o outro quando adultos do que gêmeos fraternos criados juntos- e isso acontece mesmo que os gêmeos idênticos sejam criados em continentes diferentes..."


continua...

sábado, 1 de dezembro de 2007

Genética Comportamental pelo Prof. Marco Montarroyos Calegaro


"A genética comportamental é uma disciplina científica que estuda os mecanismos genéticos e neurobiológicos envolvidos em diversos comportamentos animais e humanos. Podemos caracterizá-la como uma área de intersecção entre a genética e as ciências de comportamento."


"O impacto dessa área de conhecimento na Psicologia é tremendo. Estamos vivendo uma verdadeira revolução no entendimento das causas do comportamento. No entanto, a Psicologia, particularmente aqui no Brasil, parece desconhecer estes avanços."


"O “determinismo genético” postula que certos aspectos nossa personalidade e nosso comportamento seriam definidos por nossos genes, de modo inescapável. Essa posição está completamente ultrapassada, sabemos hoje que todo comportamento depende, em maior ou menor grau, de fatores genéticos e de fatores ambientais, interagindo de maneira extremamente complexa.

A palavra determinação é equivocada, e deve ser substituída por expressões como tendências, propensões ou influências genéticas. Os genes definem tendências, mas são as experiências individuais que, sempre, as modulam"


"A propensão genética para a infidelidade não a torna inevitável (os homens podem perfeitamente controlar este impulso) ou moralmente aceitável. O mesmo raciocínio vale para qualquer tendência com componentes genéticos –não tem qualquer sentido justificar eticamente um padrão de comportamento argumentando que este é o “natural”, pois outros critérios devem ser usados para avaliar as conseqüências de nossos atos. "


"Se afirmamos que um traço é 50% herdado, isto tem que ser entendido como afirmar que metade da variância naquele traço está ligado à hereditariedade. "


"O comportamento não é diretamente influenciado pelos genes, no sentido de uma relação de 1: 1 entre um gene e um comportamento. A maioria das características complexas é modulada pela ação de vários genes, o que também é chamado de influência poligênica."


Continua...